A nossa palavra

A releitura de um livro nos colocou o tema de hoje. Relembramos as crônicas do jornalista cearense Blanchard Girão (1929 - 2007). O intrépido redator era pontual ao meio-dia no horário de rádio. A crônica: “A Nossa Palavra”, transmitido pela Rádio Dragão do Mar. Desabafos nossos. Linguagem de verdadeira cidadania. Viés político de coragem para dizer o que ficava entalado no jogo emocional de quem assistia aos avanços ditatoriais do Governo de exceção nascido após a derrocada da democracia.

Blanchard escrevendo em trincheira de resistência. Vocabulário forte. Vibrante. Corajoso. Essencialmente nacionalista. Textos especiais foram condensados em livro, no ano de 2005. “Só as Armas Calaram a Dragão” teve lançamento na forma da literatura que empolga. Agora, o livro paira sobranceiro no silêncio das estantes. A releitura atual teve o condão de despertar o redator deste canto de página para sustentar princípios de amor à Pátria. Resta-nos pedir a Deus a correção dos rumos desta democracia que se sedimenta por votos.

O Brasil sempre terá um comando de idealistas, mesmo dos que permanecem saudosos dos seus líderes da boa escrita. Blanchard Girão detalhou o silêncio da emissora da rádio Dragão do Mar e deixou escrito de relevância para uma leitura sempre atual. “A Nossa Palavra” marcou época na radiofonia cearense, numa transposição literária firmada em livro. Jornalista escritor tem sempre o seu lugar no quadro da história viva de um povo. Reler bons livros dá a tônica da superioridade do que se contém em obras editadas.

“A Nossa Palavra” perpetuada nas recordações históricas. Excelente motivação para sustentar o conceito de democracia que tanto nos anima. Saudade do Blanchard Girão e de toda uma plêiade dos bons jornalistas cearenses que se vocacionavam através do rádio – esse fenômeno tão bem definido como “imprensa falada”.


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