A geração de hoje

Dizem que o valor da liberdade é muito oneroso. Na verdade, não há estimativa porque o que resta mesmo é solidão e esta não tem preço.

Horas e horas, em frente de uma tela de um computador ou, rapidamente, com os dedos passando e remetendo mensagens pelo smartphone, parecem uma fuga. "Mas me deixa, estou estressado", encerra qualquer diálogo. É a geração que se estressa e se frustra por tudo. A mesma que se considera eternamente infeliz. Nada os preenche. E aí a pergunta: o que busca essa rapaziada? O que lhes prometeram? Por que mudam de tudo, de escola, de emprego, de parceiros? O que é, para eles, a felicidade? O que é importante? Por que a depressão é o mal do século e suicídio, com a banalização da vida, já é a maior causa de morte?

Poderia fazer outras perguntas, mas o quadro apresentado pela psicóloga Cristiane Soares Galdino é assustador. Primeiro, os jovens não assumem responsabilidades de viver, de se mexer, de traçar metas, caminhos e projeto. Vivem o hoje e pronto. Parou. Não conseguem enxergar o que está fora da "caverna de Platão". Por isso, dentro de seu mundo particular, postam sorrisos em praias ecológicas, mas não gostam de se banharem no mar. Empenham-se em iniciativas de limpar o lixo na praia juntamente com amigos, mas não arrumam sequer a própria cama. Estampa tristeza, sofrimento, dor, o mesmo incômodo de crescer sem fazer por onde, inclusive, ganhar sem merecer.

Para a grande maioria dessa nova turma, pensar em trabalhar sem muitos ganhos e um estágio gratuito, não constitui algo correto. Pergunta Cristiane: quem marca suas consultas, médicos e dentistas? Vou mais além: quem os inscreve nos concursos públicos, nos vestibulares, ou no Enem?

Em resumo, temos uma geração que vive em regime alimentar, em academias caras, "uma geração das polpas de frutas" que não sabe descascar uma laranja, não chupa caroço de manga, lista Cristiane. E mais: não gostam de velhos, mas adoram animais. Vivem de sonhos, mas não fazem nenhum esforço para realizá-los. Não saem do quarto, vivendo nas redes sociais, no mundo irreal do Instagram, fazendo selfies que expressam felicidade, ou, quando não, apontando defeitos nos outros, com expedientes de comentários maldosos. Enfim, a geração de hoje é a pura contradição.


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