A crise da arte

O mundo da arte pode ser visto como um universo em que o produzir arte, vendê-la e consumi-la forma uma tríade de complexos relacionamentos. Alguns dados são muito curiosos nesses elos como, por exemplo, o fato de nem sempre a pessoa que tem dinheiro para comprar ter uma formação adequada para discernir, por exemplo, entre o trabalho de qualidade e aquele que apenas repete modas estrangeiras.

Ao tratar dessas relações no Capítulo 7 de seu livro “Arte moderna”, Giulio Carlo Argan, aponta, inicialmente, que, após a Segunda Guerra, o novo centro do mundo da arte passa a ser Nova York. Os EUA passam a ter uma posição de hegemonia mundial e de produção de uma arte “autônoma”, no sentido de não louvar as produções do passado europeu, convivendo com a action painting e a pop art como se fossem, de certo modo, os marcos iniciais da arte.

Enquanto a primeira defende a força do gesto, a segunda se volta para a apropriação da cultura pop como mecanismo de expressão. A arte conceitual, logo em seguida, com sua raiz metalinguística seria o extremo desse raciocínio, em que se faz arte apenas para refletir sobre o que ela é, num processo que conduz paulatinamente a um grande vazio.

Argan considera que os EUA, com sua hegemonia no mundo artístico do pós-guerra, teriam levado a três problemáticas igualmente graves e interligadas: a eliminação da ideia de arte como algo sublime; o entendimento dela como a simples existência de um objeto, sem a discussão de sua finalidade; e a louvação do emprego de qualquer técnica, desde que permita que essa arte se insira no mundo da comunicação de massa.

A crise da arte estaria vinculada a uma desvalorização do próprio pensamento sobre o que significa a arte e, acima de tudo, aos elos estabelecidos, de uma forma cada vez mais profunda, entre a imagem, a cultura de massa e a sociedade industrial. O que passa a ter valor não é o objeto de arte em si mesmo, mas o valor financeiro que cada objeto tem.


Assuntos Relacionados