A arte e as emoções

Imagine que você se decida a fabricar um belo vaso de barro, semelhante ao que enfeita a mesa de algum amigo. Então, toma de empréstimo o modelo e começa a moldar sua obra com paciência: quanto mais desenvolve habilidades e trabalha a matéria-prima, mais ela se aproxima do ideal escolhido. Agora, baseado nesta história, use a imaginação e ouse crer que o ser humano tem um modelo pronto no plano das ideias, peça das mais harmoniosas da mesa de Deus, e que cabe a nós esculpir nossa matéria-prima para ficarmos parecidos com este modelo e, ao fazermos isso, vamos depurando nossas habilidades e reconhecendo nossos valores. A história termina com um belo vaso... E um belo ser humano.

O autor cingalês C. Jinarajadasa, autor da obra “A arte e as emoções” (1922), explica-nos que a arte, a boa arte, é capaz de acelerar muito a nossa intuição, a nossa capacidade de enxergarmos com nitidez este modelo ou “arquétipo”, o que nos permite trabalhar sobre nós mesmos de forma muito mais rápida e eficiente, tornando-nos mais realizados e aptos a contribuir para a realização dos demais. A influência harmonizadora da arte ajuda a tomarmos as rédeas de nossas emoções e de nossos pensamentos, tornando-os mais puros e elevados e, por fim, mais inspirados e criativos: “A construção do caráter pode ser apressada familiarizando mais e mais a mente e as emoções com a arte”.

Há que considerar, ainda, que harmonia é saúde. A busca por sensibilizar nossa percepção de mundo, discernir a beleza e ser capaz de gerar beleza através de cada ato da nossa vida é um enorme presente para corpo e alma, nosso e daqueles que nos rodeiam. Como observa, de forma precisa, Jinarajadasa: “A arte confere inocência de mente e salubridade de espírito”. Assim, podemos concluir que a beleza e sua emissária, a arte, são medicina bem-vinda e necessária hoje e sempre, mas talvez mais hoje do que nunca!
 


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