Ventos fortes elevam geração eólica no CE; 146% a mais ante fevereiro

De acordo com o ONS, no dia 29 de julho, foram produzidos 24 GWh, maior valor diário de 2018. Estado vem registrando avanço ano a ano

Escrito por Hugo Renan do Nascimento - Repórter ,

O início da temporada de ventos no Ceará em agosto, associado à ampliação dos parques eólicos, deve aumentar a produção desta fonte de energia nos próximos meses. Segundo informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), no dia 29 de julho, o Estado atingiu neste ano o pico de geração eólica de 24 GWh. Esse número representa 46% do total produzido no Ceará no dia registrado.

Além disso, dados do ONS indicam que a produção alcançou 436 GWh em junho, 30,1% a mais do que em igual período do ano passado. O resultado também mostra que houve aumento de 146,3% em relação a fevereiro deste ano, 58,5% na comparação com março, 155% (abril) e 80% (maio).

De acordo com Juradir Picanço, presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis e consultor de energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Jurandir Picanço, a tendência a partir deste mês é aumentar a geração de energia eólica no Estado.

"No Ceará, o período mais favorável de geração eólica é a partir de agosto. Todo ano, nós temos sempre aumentado a produção em função da entrada de novos parques eólicos. A expectativa é de 2018 ser o maior ano de produção por conta dessa ampliação dos empreendimentos".

Ele reitera que o pico de produção em julho se deve à expansão das usinas cearenses. "Quase todo mês tem entrado novos parques eólicos. Apesar de ser este o período o mais propício o que mais influencia são os parques. Estes recordes estão sempre sendo quebrados no Ceará proporcionalmente à ampliação dos empreendimentos", diz.

Representatividade

Picanço acredita que em breve a energia eólica vai predominar sobre a térmica. "A eólica vai passar a térmica no futuro. O Ceará já exporta energia e produz muito mais que consome. O Estado é um caso a parte no Nordeste onde a eólica é disparadamente a principal fonte de energia da Região". Ele explica que a região do Pecém, no município de São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), é uma área propícia para a geração de energia térmica por causa do abastecimento de gás natural. "Lá no Pecém tem uma concentração muito grande de térmicas. São usinas de grande porte. O Ceará tem essa peculiaridade", acrescenta.

"Há alguns anos tem havido uma redução da energia hidrelétrica no Brasil e no Nordeste. Há 10 anos só tinha hidrelétrica. A térmica entrou para complementar a hidrelétrica", completa Picanço ao observar que em junho a térmica produziu 875,60 MWmed e a eólica, 473,64 MWmed, representando 64,66% e 35,34%, respectivamente.

Parques

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Ceará tem atualmente 76 parques eólicos com potência instalada de 1,9 GW, representando 47,54% do total da energia produzida no Estado. A térmica representa 52,3%, com 2,1 GW.

Estão em construção no Ceará outros cinco empreendimentos, com potência de 98,7 MW. Contratados, porém com a construção não iniciada existem cinco parques com 115,2 MW. "Por conta dessas novas usinas é que os recordes são sucessivamente quebrados". Conforme Picanço, no Nordeste a potência eólica instalada cresceu 22,5% em junho deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. "Em junho de 2017 a potência foi de 8.779 MW, e em junho de 2018, 10.757 MW. De julho a novembro, temos a maior produção de energia eólica no Nordeste. O máximo que ocorre é no mês de setembro", acrescenta.

FORÇA DOS VENTOS

Leilão

No dia 31 de agosto será realizado leilão de energia. O Ceará conta com 100 projetos na área de energia eólica e uma oferta de 2.880 MW. "Nós estamos com uma expectativa muito otimista. O Ceará é atualmente o estado que tem as melhores condições de escoamento de energia para a rede básica. É uma condição muito favorável", diz Picanço.

A expectativa do consultor é boa para que entre os vencedores do leilão uma parte seja do Ceará. "O leilão é de longo prazo, de seis anos. A energia solar não entra entre as opções, com predomínio da energia eólica", observa. Além da energia eólica, o Ceará tem um projeto cadastrado de Térmica a Gás Natural, com oferta de 1.047 MW.

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