'Vamos solucionando pouco a pouco', diz Temer à Indústria

Industriais lançaram os principais gargalos para o setor em almoço com o presidente na sede da Federação paulista

Escrito por Redação ,
Legenda: Frete mínimo para cargas continua sendo um dos pontos de protesto de industriais
Foto: Foto: Reinaldo Jorge

São Paulo. Após receber de representantes da indústria uma lista de pedidos que inclui, entre outros, a renegociação de dívidas com bancos e medidas de redução do custo de crédito, o presidente Michel Temer prometeu ontem, 30, em São Paulo, examinar as reivindicações. Observou, porém, que as demandas dos empresários não se resolvem rapidamente.

"Sobre essas questões pontuais levantadas, nós vamos solucionando pouco a pouco porque, digo eu, essas coisas não se resolvem de um dia para outro", declarou o emedebista.

Ao discursar durante almoço oferecido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Temer concordou com o comentário, que ouviu no encontro, de que ainda pode fazer muito nos cinco meses que lhe restam de mandato.

Ele aproveitou ainda a reunião para relatar aos empresários assuntos que foram tratados em sua participação, na semana passada, na cúpula do Brics (como é conhecido o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Johannesburgo. Segundo Temer, a China se comprometeu a reexaminar a sobretaxação de açúcar e frango importados do Brasil. O presidente informou ainda que a Caixa está avaliando a ampliação de crédito para moradias.

Cobranças

Na sua fala, o presidente em exercício da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, elogiou a Reforma Trabalhista e o regime que estabeleceu um teto aos gastos públicos, mas disse que o sistema financeiro e a alta carga tributária do País inibem investimento e, como consequência, prejudicam a geração de emprego e renda.

"Se os juros não fossem tão elevados, a arrecadação com impostos de renda seria bem maior", comentou o executivo. Roriz cobrou do presidente a retomada dos investimentos em infraestrutura, uma ampla reforma tributária, que reduza o número de tributos e padronize alíquotas no território nacional, e medidas para reduzir custo de credito, classificadas como "cruciais". Nesse ponto, pediu que o governo estimule a competitividade no setor bancário.

O presidente da Fiesp disse que o setor não precisa de medidas protecionistas, mas cobrou isonomia em relação a países que competem com o Brasil no mercado internacional. Pediu ainda um programa de renegociação de dividas bancárias das empresas para, segundo ele, dar fôlego para a recuperação da indústria. "As medidas aqui propostas não precisam esperar o próximo governo, e o senhor pode contar com nosso apoio", afirmou Roriz a Temer.

Tabelamento

Depois do presidente da Fiesp, Jacir Costa, presidente do conselho superior do agronegócio da entidade, defendeu a livre negociação das empresas com seus transportadores, ao pedir o veto à política de preços mínimos de frete, concedida pelo Planalto para encerrar a greve dos caminhoneiros. "O tabelamento afeta a competitividade e encarece o custo de vida", declarou Costa.

Em resposta, o presidente Michel Temer disse que a mobilização de caminhoneiros em maio deixou o país perto de uma "rebelião insolúvel" que forçou o governo a aceitar reivindicações, mas afirmou que o tabelamento de fretes pode ser renegociado em uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal).

Em declaração durante o almoço com os industriais, Temer afirmou que o ministro do STF Luiz Fux está analisando o caso e que há possibilidade de uma composição no tema.

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