Utilização da luz do sol para gerar energia se difunde na Capital

Potencial natural de Fortaleza é utilizado pela população para reduzir o valor da conta de energia. De todas as unidades geradoras em operação na Capital desde 2013 até hoje, quase metade foi instalada no ano passado

Escrito por Camila Marcelo , camila.marcelo@diariodonordeste.com.br
Legenda: José Alberto foi um dos que apostaram em Fortaleza na energia do sol para reduzir a conta de luz de casa
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

Potencial fotovoltaico, o Estado tem de sobra, e o fortalezense a cada ano aproveita a intensa luz na cidade para convertê-la em redução na conta de energia. No ano passado, o Ceará e a Capital chegaram ao ápice de criação de novas unidades geradoras de energia distribuída. Em Fortaleza, foram 304 apenas em 2018, o que representa 46,9% do total que foi instalado na cidade entre o ano de 2013 e 2019.

Atualmente, o Estado tem em torno de 1.610 geradores de energia, que distribuem créditos na conta de luz para quase 2 mil unidades, tendo uma potência instalada acima dos 25 mil quilowatts. A modalidade "geração na própria unidade de consumo" é a mais frequente no aproveitamento da radiação solar, com mais de 1.400, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Entre essas localidades, está a residência de Rosa Maria Guilherme Frota.

Há dois anos, a aposentada decidiu investir cerca de R$ 27 mil em 16 placas solares no teto de casa, na Parquelândia, e viu de imediato uma queda no valor da fatura de energia. Com dois aparelhos de ar-condicionado, chuveiro elétrico, seis televisões, geladeira e ambiente sempre muito iluminado, a conta que dava cerca de R$ 500 por mês caiu para em torno de R$ 60. Até mesmo durante uma quadra chuvosa generosa, quando a luz fica mais tímida, tem a conta reduzida pela metade, cerca de R$ 250.

"O principal motivo foi a economia de energia. Apesar de ter que gastar mais de início, hoje pago bem menos por mês. Com o meu irmão, fiz orçamento em três empresas e hoje estou muito satisfeita", relata Rosa.

O irmão dela, Alberto Frota, também apostou nessa estratégia. Foram dez painéis instalados na sua residência e o investimento de R$ 16 mil, em média. Assim como na casa de sua irmã, são cinco pessoas sob o mesmo teto e uma antiga conta de luz que chegava a R$ 300. Agora, a fatura é de R$ 50, em períodos de sol, a R$ 85, quando fica nublado. "Primeiro, fizeram um estudo para calcular meu consumo e viram quantas placas precisava. Estou gostando", aponta.

O empresário Abner Veras também adotou a luz do sol como geradora de energia. A conta combinada de seus dois escritórios (onde trabalham 15 pessoas) e de sua casa (com seis habitantes) custava em torno de R$ 3 mil. Após a instalação de 70 placas, ele aproveita o crédito em seu escritório e em casa, pelo fato da ambas as contas estarem em seu nome. O gasto atual médio é R$ 500.

O investimento foi em torno de R$ 120 mil, e a previsão é ter um retorno desse dinheiro em cinco anos. E mesmo essa experiência sendo ainda recente, de apenas 1 ano, Abner já tem planos de adquirir mais placas. Na próxima vez, serão 600 na sua indústria em Maracanaú, a fim de fornecer em torno de 25% do consumo de energia da sua pedreira. O gasto previsto nesse projeto é de cerca de R$ 1 milhão. "Essa era a ideia, fazer o teste no escritório para ver se víamos resultado para fazer esse investimento maior", destaca.

Energia do futuro

Essa aposta alta em energia solar está cada vez mais presente na Capital. Conforme Jurandir Picanço, presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis do Ceará, grande razão disso é o preço mais acessível a essa tecnologia. "Só com a redução da conta, paga o financiamento", pontua.

"Outra importante corrente de visibilidade foram os bancos. É fundamental que eles tenham linha de crédito para os consumidores, porque não é um equipamento barato, hoje, se tira o custo do investimento em termo de quatro anos", afirma o consultor em energia, João Mamede Filho.

Para gerar a própria energia, é preciso atenção na instalação. Ao lado sempre de um profissional, o ideal é observar a mudança do sol ao longo do ano para garantir a vida útil (20 anos). "Alguns projetos têm dado sombra, prejudicando a eficiência da placa, podendo até queimá-las. Se uma parte tiver sombra, um lado fica gerando corrente e um outro não. Então, as correntes se encaminham para parte que não está gerando energia e começa a ter um aquecimento acima do normal ", alerta.

Em 2019, já foram instaladas mais de 100 novas unidades geradoras de energia por meio do sol, no território do Estado do Ceará, sendo 32 delas apenas na Capital.

O Estado tem em torno de 1,6 mil microgeradores de energia, que distribuem créditos na conta de luz para quase duas mil unidades. Tecnologia permite economizar os gastos com energia elétrica.

 

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