Uma a cada 18 pessoas está ligada a cooperativas

Quase um quarto da população brasileira é beneficiada direta ou indiretamente pelo modelo

Escrito por Ingrid Coelho/Yohanna Pinheiro - Repórteres ,

Os cooperados, seus familiares, trabalhadores e os fornecedores de insumos às mais de 6,6 mil cooperativas brasileiras, somam cerca de 50 milhões de pessoas beneficiadas direta ou indiretamente pelo modelo - sem considerar consumidores dos produtos e serviços ofertados. Um exemplo de sua representatividade na economia está no ramo agropecuário, que representa cerca de 20% do setor - incluindo transporte e beneficiamento, 48% da produção agrícola do brasil passa por cooperativas.

Já no ramo de crédito, caso as cooperativas existentes fossem consideradas um grupo financeiro único, seriam a sexta maior instituição financeira do país. Na área da saúde, um em cada seis brasileiros que têm planos de saúde são vinculados a cooperativas, enquanto o ramo de transporte movimenta 2 bilhões de passageiros por ano. O ramo da infraestrutura, com importante papel na distribuição de energia elétrica, beneficia mais de 4 milhões de pessoas.

Além do impacto sobre a economia nacional, o cooperativismo ainda é, muitas vezes, a única oportunidade para os habitantes de pequenos municípios. De acordo com o professor alexandre miranda oliveira, da pontifícia universidade católica de minas gerais (puc minas), isso acontece porque, em muitas dessas pequenas cidades as empresas tradicionais não encontram interesse em se estabelecerem e nem o poder público consegue satisfazer as demandas.

"o cooperativismo entra como solução para estas comunidades, que, somando esforços, conseguem muitas das vezes um serviço superior em qualidade e de custo inferior que os que seriam ofertados", explica. Ele aponta que quase 500 municípios do brasil contam apenas com cooperativas de crédito, sem sistema bancário tradicional, enquanto no setor de eletrificação são quase 800 municípios atendidos.

Potencial para crescer

Mesmo com toda essa participação, ainda há muito espaço para que mais cooperativas nasçam e se desenvolvam no brasil. Oliveira aponta que há potencial para o crescimento em todos os setores, mas destaca a carência de novas iniciativas nos ramos de turismo, educação, habitação e produção industrial. "no mundo, uma a cada sete pessoas, está ligada diretamente a uma cooperativa. No brasil, é uma a cada 18", destaca.

O principal obstáculo para o avanço do modelo no brasil, segundo oliveira, é a falta de conhecimento sobre o cooperativismo. "em vários países, desde a mais tenra idade a população respira cooperação, entende o sentido da união em prol de um bem comum. Grande parte da população brasileira sequer ouviu falar no que é uma cooperativa e a confunde com associações ou empresas irregulares".

Ele argumenta que toda crise é propícia à união das pessoas para que, juntas, consigam superar as dificuldades. "é preciso vontade de criar políticas públicas para incentivar o setor. O cooperativismo tem que ser compreendido para ser assimilado e fluir de forma espontânea como opção de vida".

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