Tecnologia digital aumenta em 10% produtividade de empresas do CE

Aplicação de programa-piloto do Senai a duas empresas do Estado revelou o impacto positivo do uso de ferramentas de baixo custo, como sensoriamento, computação em nuvem e internet das coisas (IoT) na produção industrial

Escrito por Redação , negocios@svm.Com.Br
Legenda: Projeto busca refinar método de baixo custo, alto impacto e de rápida implementação que ajude as indústrias
Foto: FOTO: JL ROSA

As tecnologias digitais da Indústria 4.0 permitem aumentar em 10%, em média, a produtividade de micros, pequenas e médias empresas cearenses. O resultado foi obtido no programa-piloto Indústria Mais Avançada, executado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), com duas indústrias do Estado: a Frosty Sorvetes e a Erva Lima, produtora de salgadinho. Foi medido o impacto na produção do uso de ferramentas de baixo custo, como sensoriamento, computação em nuvem e internet das coisas.

No Ceará, a Frosty Sorvetes, localizada em Maracanaú, elevou em 13,21% sua produtividade com uso de sensores na máquina de pasteurização de calda de sorvete. O sócio-diretor da empresa, Edgar Fegantini Júnior, conta que o equipamento permitia a seus funcionários, em tempo real, saber se a máquina parava de forma inesperada. "Conseguimos produzir mais, pois trabalhamos nas causas da ociosidade", explica.

Já na Erva Lima, o trabalho foi realizado na linha de empacotamento de pipocas salgadas, onde existiam problemas de parada de máquina e baixa performance operacional. A produtividade cresceu 7,2% com uso de tecnologias digitais. A empresa já havia conseguido elevar em 100% sua produção após a primeira consultoria do Senai em manufatura enxuta.

As indústrias participantes já possuíam bom índice de produtividade antes do piloto, pois tinham passado pelo Brasil Mais Produtivo. O programa do Governo Federal, executado pelo Senai, elevou em 52%, em média, a produtividade de três mil micros, pequenas e médias empresas por meio de técnicas de manufatura enxuta em todo o País. Após as duas etapas de atendimento de consultores do Senai, as companhias aumentaram em 85%, em média, a capacidade de produzir sem alterar o quadro de funcionários.

"O objetivo do Senai com a experiência-piloto, chamada de Indústria mais Avançada, é refinar um método de baixo custo, alto impacto e de rápida implementação que ajude as empresas a se inserirem na 4ª Revolução Industrial", explica o diretor-geral da instituição, Rafael Lucchesi.

Regiões

As empresas da região Nordeste, com aumento médio de 28,2%, foram as que mais tiveram ganhos de produtividade com o Indústria Mais Avançada. Os resultados do piloto também foram expressivos no Centro-Oeste, com aumento médio de 22,44% em produtividade. Em seguida, estão empresas do Norte (22,29%), do Sudeste (18,42%) e do Sul (6,37%).

O gerente-executivo de Inovação e Tecnologia do Senai, Marcelo Prim, explica que as empresas que obtiveram maiores ganhos com as tecnologias digitais foram aquelas que utilizavam menos técnicas de gerenciamento da produção antes de participar do programa. "A técnica nova, ao ser introduzida em uma empresa que utiliza poucos métodos de gestão, proporciona um ganho maior em produtividade", afirma.

O gerente do Senai explica ainda que as microempresas foram as que mais se beneficiaram do uso inicial de tecnologias digitais. "É provável que tenha sido a primeira vez que a empresa parou para analisar seu processo produtivo e conseguiu compreendê-lo de uma forma ampla. Com isso os ganhos são imensos", afirma. "Observamos que as tecnologias da Indústria 4.0 são uma grande oportunidade especialmente para a micro e pequenas empresas", complementa Prim.

Entraves

De acordo com o Senai, a falta de informação e qualificação da mão de obra são os dois entraves principais para o desenvolvimento da indústria 4.0 no Ceará. Muitas pessoas ainda desconhecem o conceito deste tipo de indústria e quando o conhecem, acreditam que a tecnologia é direcionada para a grande empresa e que o investimento é muito elevado para as micros e pequenas empresas.

No programa-piloto, o equipamento utilizado custou R$ 3 mil e o retorno do investimento fica na faixa de três meses. Além disso, para o Senai, o grande desafio neste momento é qualificar as pessoas. A falta de conhecimento das tecnologias impede que muitas empresas de pequeno porte consigam desenvolver e sobreviver em um mercado cada vez mais competitivo.

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