Setor elétrico do Ceará está na mira dos investidores chineses

Depois que uma companhia da China sinalizou a aquisição da UTE Pecém I, especialistas dizem que o capital chinês busca no Estado e no restante do País usinas solares, eólicas, termoelétricas e linhas de transmissão

Escrito por Hugo Renan do Nascimento , hugo.renan@diariodonordeste.com.br
Legenda: Térmicas no Estado poderão ser paralisadas com falta de gás fornecido pela Petrobras
Foto: JL ROSA

A China está cada vez mais interessada no setor elétrico brasileiro. No Ceará, os chineses querem investir em usinas solares, eólicas, termoelétricas e em linhas de transmissão de alta tensão. Após a sinalização de que uma companhia chinesa estaria interessada em adquirir a termoelétrica UTE Pecém I, da EDP Brasil, vários ativos do setor elétrico no Ceará e em diversas regiões do País estariam na mira de investidores da China.

Especialistas dizem que o movimento de aquisição e novos investimentos advindos do capital chinês são normais, especialmente no setor elétrico, onde o Brasil possui grande potencial de crescimento.

O Ceará possui fortes atrativos nos segmentos de energias solar, eólica e termoelétrica. "O interesse deles no Ceará também está na energia solar porque eles são grandes fornecedores de placas. Na energia eólica, estão interessados - há poucos anos - em aplicações em parques eólicos. Não sei dizer a quantidade, mas sabemos do interesse deles pelos leilões. O grande investimento (dos chineses) é nesse sistema de transmissão porque eles são muito arrojados em aplicações em sistema de transmissão de alta tensão e gestão em alta tensão", avalia João Mamede Filho, engenheiro da empresa CPE.

Segundo o especialista, a aquisição pelos chineses da termoelétrica do Pecém é um sinal de que os investidores asiáticos continuam acreditando na solidez do sistema elétrico nacional. "Então, não é uma surpresa eles estarem interessados na compra dessa geração. Eles estão investindo fortemente em energia solar. São grandes fornecedores de placas de energia fotovoltaica. Não é nada surpresa eles estarem interessados nessa compra. A minha avaliação é que o mercado vai reagir normalmente. É uma transação normal. Eles vêm fazendo esses investimentos de três anos para cá", diz Mamede.

Para Jurandir Picanço, consultor de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), a venda da termoelétrica cearense aos chineses não surpreende. "Eles estão investindo muito pesado no setor elétrico. Estão comprando usinas térmicas, usinas solares, eólicas e participando dos leilões de linhas de transmissão. Em termos práticos, a venda não tem muita importância para o sistema porque os chineses são obrigados a seguirem regras pré-estabelecidas, atender aos contratos. Isso não muda com a venda", explica. Segundo ele, o mais importante neste caso é o interesse crescente da China no setor elétrico brasileiro. "Agora o fato deles estarem participando fortemente do setor com investimentos, isso sim é mais relevante".

A EDP Brasil não comenta a venda da usina. Em nota, a empresa informa que a "UTE Pecém I tem capacidade instalada de 720 MW e que foi responsável pela transformação do Ceará de estado importador em exportador da energia". "A UTE Pecém gera 1.500 empregos diretos e indiretos", informa.

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