Rota Pecém-Ásia terá início no dia 14 de maio

Fruticultores da região Nordeste já estão de olho no novo trajeto da Maersk e prospectando negócios com asiáticos

Escrito por Redação ,
Legenda: A linha da Maersk Line/Hamburg Süd atenderá, principalmente, à demanda dos exportadores de frutas, mas também deve atrair outros setores
Foto: FOTO: JOSÉ LEOMAR

A primeira escala do navio que percorrerá nova rota marítima para a Ásia (AC5), da Maersk Line/Hamburg Süd, no Porto do Pecém será no dia 14 de maio. Ainda que seja voltada principalmente para atender à demanda dos exportadores de frutas, a linha também deverá atrair produtores de outros segmentos, como o de frigoríficos na região Norte, para escoar a proteína pelo porto cearense.

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A avaliação é de João Momesso, diretor de Trade e Marketing da Maersk Line para a Costa Leste da América do Sul. "É inegável que alguns frigoríficos, por exemplo, os que estão no norte do Tocantins, podem começar a olhar o Porto do Pecém como uma opção para escoar a produção. Hoje, grande parte da carne que é abatida nessa região vai para Santos para ser exportado", aponta Momesso.

Esse segmento, inclusive, foi um dos destaques das exportações brasileiras pela Maersk Line, principalmente para o mercado asiático. O diretor avalia que os resultados são reflexo, principalmente, da demanda cada vez mais forte do mercado consumidor da China. "De uma maneira sustentável, eles têm consumido mais frango e bem mais carne bovina, reflexo do aumento do poder de consumo da população chinesa", destaca.

Fruticultura

A rota já teria chamado a atenção de vários fruticultores da região Nordeste, segundo o diretor. "Já fomos informados que esses produtores estão conversando com potenciais clientes na Ásia sobre isso. Como ainda faltam dois meses para a primeira escala do navio em Pecém e a estação das frutas é mais para o segundo semestre, a gente ainda tem algum tempo para se dedicar a isso. Oportunidade concreta ainda não temos", explica João Momesso.

Ainda não há previsão de quanto a rota deverá movimentar, mas, segundo o diretor, caso os governos brasileiro e chinês estabeleçam um acordo que permita que as frutas brasileiras cheguem à China a um preço competitivo, o volume de exportação pode chegar ao patamar de milhares. "Por outro lado, também é uma grande aposta nossa junto com os produtores e, se não se materializar, pode ser que não se chegue a centenas de contêineres", pondera.

A nova rota, ao reduzir em média 10 a 15 dias nos deslocamentos de carga para os destinos asiáticos, que incluem as cidades de Cingapura; Hong Kong; Busan, na Coreia do Sul; e Xangai, Ningbo e Xiamen, na China, permite que as frutas cheguem ainda com qualidade nas prateleiras dos mercados asiáticos. "O produtor diz que existe interesse dos asiáticos em comprar frutas daqui, mas hoje não existe uma rota com tempo de trânsito que permita isso".

Conforme relatório das operações comerciais da empresa, no segmento de carga refrigerada teve destaque o crescimento das exportações de frutas, vegetais e plantas, com alta de 14% no último trimestre do ano passado, saindo principalmente do Porto do Pecém. O volume foi dentro do esperado pela empresa no quarto trimestre de 2018, de acordo com o diretor.

"Nesse período, a gente criou um produto sazonal dedicado a isso, um navio que veio da Europa só para cobrir a exportação de fruta, e agora a gente continua bastante comprometido com esse mercado", garante Momesso.

Competitividade

Segundo Momesso, o grupo acredita que a nova linha marítima pode dar ao Porto do Pecém uma competitividade que até então não tinha, o que pode fazer com que volumes de exportação acabem aumentando no porto. "O mercado do Pecém e do Nordeste como um todo foi um dos que mais sofreu com a crise. A gente viu uma recuperação acontecendo e ainda está bastante longe dos níveis anteriores", diz.

Em âmbito nacional, o diretor avalia que os resultados do 4º trimestre consolidaram o ano de 2017 como de recuperação. Nas exportações, os destaques relativos à carga seca foram o algodão e madeira. Na carga refrigerada, foram as frutas e a proteína. Já nas importações, mostraram reação eletroeletrônicos, incluindo a indústria de Manaus, e o mercado automobilístico.

Para 2018, a avaliação da empresa é de que o crescimento do comércio exterior no País deva ser mais lento após registrar em 2017 a maior alta da série histórica, iniciada em 2012. "Esperamos que o comércio exterior cresça 3,4% neste ano, com aumento de 4,6% nas importações e 1,3% nas exportações", revela Antonio Dominguez, diretor principal da Maersk Line para a Costa Leste da América do Sul.

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