Revogação derruba planos de retomada das atividades no Estado

Empresas beneficiadas na decisão inicial já se preparavam para voltar ao trabalho e funcionários lotaram ônibus, terminais e ruas na manhã de ontem (6), quando pensavam que o expediente voltaria à normalidade

Escrito por Redação , negocios@svm.com.br
Legenda: Ainda cedo as pessoas se aglomeravam em terminais de ônibus indo ao trabalho
Foto: Foto: José Leomar

A publicação do decreto determinando a volta de 16 tipos de empresas diferentes deixou terminais e ruas de Fortaleza repletas de pessoas ontem (6). A maioria não sabia que o governador Camilo Santana havia revogado a decisão durante a madrugada, o que frustrou expectativas criadas e causou alguns transtornos ao setor produtivo afetado.

Na confecção, empresas chegaram a comunicar aos seus quadros de funcionários sobre o retorno das atividades, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Confecção de Roupas e Chapéus de Senhoras no Estado do Ceará (SindConfecções), Elano Guilherme. Segundo ele, a revogação causou transtornos. "O decreto e a revogação dele causaram um grande transtorno para o setor da confecção. Algumas empresas tinham avisado às suas equipes, seus colaboradores para a volta e, na madrugada, o governador desfez o decreto".

Ele acrescenta que a revisão da decisão piora o momento já delicado. "A confusão de informações acaba desgastando uma situação que já é muito complicada nesse momento".

Atender a demanda

Em carta enviada aos associados, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, lamentou a decisão do governador. Segundo indica, a abertura de algumas fábricas poderia sanar a carência por equipamentos de combate ao novo coronavírus.

"Ao liberar a indústria têxtil, e de confecções e roupas, seria possível reverter esse cenário, garantindo a fabricação de tais insumos. Nossa indústria atenderia à demanda interna, ao invés de buscar comprar esses produtos fora do País, onde a escassez já é a realidade. Outros setores industriais, que estão sendo demandados para equipar unidades de saúde e para assegurar a qualidade de vida das famílias, também seriam essenciais neste momento crucial da nossa história", afirma Cavalcante.

O presidente da Fiec ainda reforça que continuará o diálogo com o Governo do Estado, reforçando o pedido de um retorno gradual, com cuidados com a segurança dos trabalhadores. "Não há vida sem trabalho. Portanto, que possamos retornar de forma gradativa, desde que seja com segurança, para trabalhar respeitando todas as regras de segurança apontadas pelas autoridades de saúde", diz.

Ainda não é o momento

O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Ceará (FCDL), Freitas Cordeiro, revela ter sido surpreendido com a flexibilização. "Fiquei surpreendido com a ação do Governo. Acredito que ele (Camilo Santana) foi levado por algumas pressões. Mas não acredito que seja o momento de retomar as atividades. O Ceará não pode se dar esse luxo agora", ressalta.

Cordeiro ainda pede que o Estado se responsabilize por prover condições para as empresas sobreviverem durante a paralisação. "O Estado tem que garantir a 'alimentação' pelo menos, se não as empresas vão morrer. Tenho batido na tecla que o Estado tem que ser mais, prover mais", diz.

Um dos pleitos da FCDL que, segundo ele, ainda não foi atendido, é o refinanciamento de todos os impostos gerados durante a paralisação por conta da pandemia. A FCDL pede pagamento em até 120 meses, com início em janeiro de 2021 caso as atividades já tenham minimamente se normalizado.

Governo do Estado revoga decreto que liberava 16 setores a retomarem as atividades durante a madrugada e frustra expectativas e planejamento de empresas, que tiveram empregados indo ao trabalho na manhã de ontem (6)

Prefeitura dá isenção de ISS

O prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio suspendeu o pagamento do Imposto Sobre Serviços (ISS) apurado na forma do Simples Nacional para micros e pequenos empresários da Capital cearense. A suspensão é referente aos meses de março, abril e maio.

Também está suspenso o pagamento do tributo municipal no prazo de 180 dias para os Microempreendedores Individuais (MEI). Fica prorrogado em 60 dias o prazo de pagamento do ISS para os trabalhadores autônomos (referentes a abril, maio e junho).

Também fica suspenso o vencimento de certidões acerca de situação fiscal e da cobrança administrativa e judicial da dívida ativa.

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