Principais fruticultores do NE encontram importadores em Berlim

Exportadores de frutas negociam destinos da próxima safra na maior feira do setor no mundo, a Fruit Logística. Evento marca a primeira participação oficial da Cipp S.A após parceria com Roterdã

Escrito por Egídio Serpa , egidio.serpa@diariodonordeste.com.br
Legenda: Para Luiz Roberto Barcelos, superar o desafio hídrico é prioridade
Foto: Foto: Egídio Serpa

Estão no semiárido nordestino o presente e o futuro da fruticultura brasileira. Os baianos e pernambucanos do polo Juazeiro-Petrolina, além de manga e uva, já produzem e exportam também goiaba e acerola, enquanto os cearenses e potiguares, que antes só produziam e exportavam o melão amarelo, agora já cultivam e vendem para o estrangeiro outras variedades dessa fruta, como pele de sapo, gália e cantalupe, sem esquecer o mamão, a banana e o abacaxi.

É assim que o presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Frutas (Abrafrutas), Luiz Roberto Barcelos, sócio e diretor da Agrícola Famosa, com fazendas de produção em Icapuí e na Chapada do Apodi, no Ceará, resume o que chama de "um milagre da natureza, que é o semiárido, uma região propícia para a fruticultura tropical".

Em Berlim (Alemanha), onde ontem começou a Fruit Logística (maior feira de frutas do mundo), estão reunidos os maiores fruticultores do Nordeste em um estande de 600 metros quadrados (m²) instalado pela Abrafrutas, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e com os ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores, no Messi Berlim, o maior Centro de Eventos da Alemanha. Até sexta-feira (8), eles se reúnem com importadores para vender a próxima safra.

No estande da Companhia de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP S.A), chama a atenção a presença da holandesa Anne Saris, gerente de Agronegócios e Distribuição de Contêineres do Porto de Roterdã, sócio do Porto do Pecém. Durante a feira, ela tem a tarefa de aproximar os importadores europeus de frutas cearenses da CIPP e da cadeia exportadora brasileira.

"Este é o primeiro evento oficial de Roterdã e Pecém após a celebração da parceria entre as duas partes", disse o coordenador comercial da companhia cearense, Raul Viana.

Desafios

Para fazer do semiárido nordestino uma área rica na produção de frutas e na geração de emprego e renda, a questão da água é o primeiro desafio a ser superado, segundo aponta Luiz Roberto Barcelos. "O melhor caminho é o que vem sendo seguido, da integração do São Francisco com as outras bacias hidrográficas do Nordeste", lembra ele, observando, porém, que o Governo Federal deve acelerar o antigo projeto de transpor parte das águas do Tocantins para o Nordeste. "Temos de lamentar que o projeto S. Francisco demorou 10 anos para ser concluído".

O segundo desafio, na visão de Barcelos, é o de abrir novos mercados estrangeiros para as frutas nordestinas. "Os Estados Unidos são um mercado excelente, mas eles impõem ao nosso melão uma barreira de 28% de imposto de importação. O Ministério da Agricultura procurou-me na semana passada com a noticia de que, na próxima reunião do presidente Bolsonaro com o presidente Trump, o tema será incluído na agenda", aponta.

Para o empresário, o imposto norte-americano é injusto. "Aqui na Europa, esse imposto é de 8,8% - é alto, mas dá para conviver. E temos que abrir o mercado asiático para as nossas frutas", pondera Barcelos.

A terceira questão a ser superada, na visão do empresário, diz respeito à capacitação e qualificação dos pequenos produtores. "A cultura de subsistência que eles têm hoje, plantando a semente de feijão e milho que o Governo dá e esperando a chuva para colher não pode continuar, pois é a perpetuação da pobreza. O correto é capacitar, para que ele produza em sistema de irrigação, mitigando o risco da seca, e tenha acesso ao mercado. Para isso, ele terá de criar cooperativas, como as já existentes no Sul com sucesso".

Os maiores fruticultores do Nordeste participam até sexta-feira (8) da maior feira de frutas do mundo, a Fruit Logística, em Berlim. Lá, eles se reúnem com importadores para vender a próxima safra.

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