Preço da gasolina cai 2,05% no Ceará em um mês; média de R$ 4,52

Recuo é mais lento que os cortes realizados pela Petrobras nas refinarias - lá, gasolina acumula queda de 43% no ano. Elevados estoques de postos e distribuidoras devem retardar ainda mais os repasses

Escrito por Redação ,
Legenda: Na Capital, a queda foi ainda menor, de 1,98%, o equivalente a quase 10 centavos. Valor médio era de R$ 4,59
Foto: Foto: Daniel Aragão

Apesar de sucessivos cortes no preço da gasolina pela Petrobras, o preço médio do combustível caiu apenas 2,05% em um mês no Ceará. Segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na semana de 22 a 28 de março, o valor médio do produto era de R$ 4,524, enquanto, de 1º a 7 de março, o preço era de R$ 4,619.

Na Capital, a queda foi ainda menor, de 1,98%, o equivalente a quase 10 centavos. Há um mês, o valor médio do combustível era de R$ 4,590, enquanto, na última semana de março, o produto era comercializado a R$ 4,499.

O etanol também apresentou queda nos estabelecimentos cearenses. Na pesquisa da ANP, o combustível teve redução no valor de 0,32% no Estado, passando de R$ 3,714 (1º a 7/3) para R$ 3,702 (22 a 28/3). Em Fortaleza, o preço ficou estável, de R$ 3,704 há um mês para R$ 3,697 nesta última semana.

Desde ontem (28), a gasolina vendida nas refinarias da Petrobras está 5% mais barata. Foi o nono corte do ano, o quarto anunciado pela estatal em apenas 15 dias, período em que começaram a se intensificar pelo mundo as restrições à mobilidade das pessoas para combater a pandemia do coronavírus.

Com as mudanças, o preço da gasolina já acumula queda de 43% nas refinarias. O diesel caiu 31%. No entanto, os elevados estoques de postos e distribuidoras devem retardar ainda mais os repasses aos consumidores, que já vêm em ritmo lento desde o início do ano.

Redução do consumo

A queda abrupta no consumo de combustíveis após o início das medidas de isolamento social no País é apontada por executivos e especialistas como um entrave para repasses mais rápidos neste momento, já que os postos e distribuidoras têm dificuldade para desovar estoques antigos.

Estimativas do setor apontam que a redução do tráfego de veículos nas cidades brasileiras reduziu em 50% a 60% as vendas de combustíveis automotivos, como gasolina e diesel. O consumo de diesel tem redução menor, em torno de 20%, já que o transporte de cargas permanece em operação no País.

Com tanques cheios, postos estão suspendendo pedidos às distribuidoras de combustíveis. Essas, por sua vez, já começaram a negociar redução ou até mesmo suspensão no bombeio de produtos das refinarias da Petrobras para suas bases sem o pagamento de multas contratuais.

"A queda (nos preços) foi mais forte nas duas últimas semanas, e o fato de não ter chegado às bombas é questão de tempo", diz o professor da FGV EAESP, Rafael Schiozer. "Os postos estão com rotatividade baixa, os estoques rodando pouco com as pessoas saindo menos, e os preços ainda são antigos".

Lucro

Os dados da ANP mostram, porém, que a lentidão nos repasses das quedas dos preços vem de antes da crise gerada pela pandemia. Segundo a agência, as margens de lucro dos postos cresceram 10% no ano, o que explicaria parte da demora.

A alta começou a ocorrer em fevereiro e se intensificou na última semana, quando chegou a R$ 0,492 por litro, em média no País. Na avaliação de fontes do setor, pode ser uma tentativa de minimizar a perda de receita com a queda nas vendas. Na avaliação de especialistas, o modelo de cobrança do ICMS sobre os combustíveis contribui.

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