Vale perde mais de R$ 70 bilhões em valor de mercado

Expectativas negativas sobre as multas pesam na análise do mercado

Escrito por Redação , negocios@verdesmares.com.br

A Vale perdeu R$ 71 bilhões em valor de mercado ontem (28), no primeiro pregão da B3, a bolsa de valores brasileira após o rompimento de uma barragem da mineradora em Brumadinho (MG), e cai de terceira para quinta empresa mais valiosa do País. É a maior perda de valor de mercado em um único dia na B3. Até a semana passada, a Vale era a terceira maior, atrás apenas de Petrobras e Itaú, mas agora perde também para Bradesco e Ambev. 

O valor perdido apenas nesta segunda equivale a cerca de todo o valor de mercado da empresa de celulose Suzano. O tombo é a reação imediata de investidores contra o possível impacto financeiro da tragédia sobre a empresa, que já teve R$ 11 bilhões bloqueados (cerca de 45% do caixa da empresa em setembro de 2018, dado mais recente) e foi multada em R$ 250 milhões pelo Ibama e em R$ 99,139 milhões pelo governo de Minas Gerais.

A queda reflete ainda a suspensão do pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio, que garantiu R$ 7,7 bilhões a acionistas no ano passado e vinha atraindo investidores.

A Vale tem peso de 10,9% no Ibovespa, que caiu mais de 2% e fechou o dia cotado a 95.443 pontos. Outro efeito da queda das ações da empresa no mercado foi o giro financeiro recorde da Bolsa brasileira, que movimentou ao redor de R$ 24,5 bilhões. Em Nova York, os recibos de ações da mineradora recuavam 16%, após o tombo de 8% na sexta-feira, quando a Bolsa brasileira estava fechada pelo aniversário de São Paulo.

Classificação de risco

No sábado, a agência de classificação de risco Standard & Poor's afirmou que a nota da Vale pode ser rebaixada. Mas ontem, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota da mineradora Vale para BBB-. A agência disse que a nota é causada pela expectativa de que as multas contra a empresa serão elevadas

‘Preservação da saúde’ da empresa
O diretor financeiro da Vale, Luciano Siani, defendeu ontem (28) que qualquer solução para os estragos causados pelo rompimento da barragem de Brumadinho (MG) passe pela preservação da companhia. Ele alegou que cerca de 500 mil famílias, entre trabalhadores e acionistas, dependem da empresa.

"Evidentemente, a solução ideal deveria passar pela preservação da saúde financeira da companhia", afirmou, em entrevista para anunciar medidas de apoio a vítimas do desastre. Siani não quis comentar a queda das ações na Bolsa.

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