Queda no número de abelhas vem afetando produção de mel no CE

De acordo com o presidente da Câmara Temática do Mel do Estado, Vinícius Carvalho, mais de 80 milhões de abelhas são mortas por ano. Como solução, a Adece deverá propor a colaboração dos produtores com os bombeiros

Escrito por Alex Pimentel , negocios@verdesmares.com.br
Legenda: A estiagem é a principal causa da migração das abelhas às regiões urbanas, como a Capital
Foto: Foto: Isanelle Melo

Mais de 80 milhões de abelhas são mortas por ano no Ceará. O número representa quase nove vezes a população do Estado, 9,1 milhões segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse “inseticídio”, como definem os apicultores, está ocorrendo, majoritariamente, na capital cearense, no período entre outubro e dezembro, quando a estiagem começa a se estender pelo Interior e elas migram à procura de alimento e água. O alerta é feito pelo presidente da Câmara Temática do Mel do Ceará, Vinícius Carvalho. A redução de população de abelhas acaba diminuindo a produção de mel cearense.

Nos últimos cinco anos, Carvalho tem coletado esses dados junto à Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS).

A migração ocorre de várias regiões, principalmente do Sertão Central e de localidades serranas próximas à capital, segundo Vinícius. 
“O principal problema é o desconhecimento da população. Quando algum enxame pousa ao lado de uma residência, prédio ou condomínio, a maioria das pessoas aciona o Corpo de Bombeiros, que, sem treinamento específico, elimina as abelhas. Apenas 1% das pessoas liga para a nossa Câmara, informando sobre a necessidade de capturar os enxames”, ressalta Carvalho.

As opções apontadas por ele para solucionar o problema são a consolidação de uma parceria entre o Corpo de Bombeiros e o órgão estadual responsável pela assistência aos apicultores – a Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece) –, e a formação de uma equipe de bombeiros para executar corretamente o trabalho de remoção quando a corporação for acionada. Treinados os profissionais de segurança não correrão riscos, assim como, também, os moradores e as abelhas.

Cuidados especiais

Especialista em apicultura, o criador Vicente Camelo corrobora a perspectiva. “Sem a habilidade correta, os bombeiros simplesmente eliminam as abelhas utilizando espuma, inseticidas ou fogo mesmo, quando for o caso, essa é a rotina”, explica Camelo.

Ele reconhece, entretanto, que o processo de manejo é complexo. É preciso haver um local de destino para os enxames. Como nenhum órgão público oferece essa opção, Camelo realiza o serviço com uma equipe própria, mas há um custo financeiro para o deslocamento e os equipamentos. Varia de R$ 300,00 a R$ 400,00. As abelhas são direcionadas a um apiário em Aquiraz, com 40 colmeias.

Para solucionar o problema, o presidente da Câmara de Mel do Ceará propõe a colaboração entre a Adece, os produtores e o Corpo de Bombeiros. “Vamos sugerir ao Governo a criação de um grupo de trabalho com profissionais especializados para capacitar bombeiros militares e auxiliá-los na transferência dos enxames”, ressalta Carvalho.

Reunião

Ainda em outubro, a Adece deverá promover reunião entre os produtores </MC> cearenses de mel e os bombeiros. “A Adece já está encampando essa ideia de colaboração no Ceará. A reunião virá para viabilizarmos o processo de remoção dos enxames. Se houver a necessidade de recursos financeiros, vamos buscar junto ao Estado”, destacou o presidente da Adece, Eduardo Neves. Ele ainda acrescentou que as eliminações de abelha só ocorrem em “situações extremas”.

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