Petrobras continua entre preferidas apesar de incertezas

A suspensão do aumento dos preços do diesel, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, trouxe incertezas sobre a política de preços da Petrobras, mas não o suficiente para que bancos e corretoras que participam da Coluna tirassem as ações da estatal da lista de Top Picks para a próxima semana

Escrito por Redação ,
Legenda: Serão de US$ 54 bilhões nos próximos cinco anos, com destaque para o pré-sal e Comperj
Foto: Foto: Agência Brasil

A suspensão do aumento dos preços do diesel, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, trouxe incertezas sobre a política de preços da Petrobras, mas não o suficiente para que bancos e corretoras que participam da Coluna tirassem as ações da estatal da lista de Top Picks para a próxima semana. Apenas XP Investimentos e Modalmais retiraram os papéis do portfólio. As ações continuam na carteira de outras seis casas.

Sabrina Cassiano, analista da Coinvalores, avalia que o revés no reajuste dos preços do diesel aumenta a percepção de risco quanto a possíveis ingerências governamentais. "A agenda positiva das últimas semanas, com destaque para o desfecho da cessão onerosa e a venda da TAG, ainda geram boas perspectivas, em termos operacionais e financeiros, porém, agora, as atenções ficarão voltadas para a continuidade, ou não, da política de preços", avalia. A corretora manteve Petrobras PN na carteira.

Para Pedro Galdi, analista da Mirae Asset Wealth Management, o anúncio de um aumento próximo a 6% para o diesel, que depois foi postergado, trouxe uma situação de desconfiança, o que explica a queda livre das ações da estatal na B3. O profissional pondera, no entanto, que o cenário para a Petrobras segue positivo, já que a empresa tirou dois esqueletos do armário: a Tag e a cessão onerosa.

"Agora a busca será pela aceleração da venda de ativos, inclusive no segmento de refinaria, retirando este fator monopólio na definição dos preços, o que evitaria este evento do reajuste anunciado e retirado na sequência. Assim valeria a lei do mercado", destaca. A Mirae segue com recomendação de compra para as ações.

A Guide também incluiu Petrobras PN na carteira. Para a corretora, no curto prazo alguns catalisadores sustentam a recomendação, como a continuidade da venda de ativos onshore e expectativa de maior volume de produção para este ano, viabilizado pela curva de crescimento das plataformas recém-instaladas, que deverão impulsionar margens e geração de caixa operacional em 2019.

As ações preferenciais da estatal também continuam entre as preferidas do BB-BI, Bradesco BBI e Santander. Na sexta-feira, com a confusão em torno da política de preços, as ações da Petrobras perderam R$ 32 bilhões em valor de mercado.

A Mirae fez nesta semana apenas uma troca na carteira com inclusão de Vale ON no lugar de Usiminas PNA. Sobre a mineradora Galdi destaca a recente escalada dos preços do minério de ferro gerada pela redução de oferta do produto pela própria Vale após a tragédia de Brumadinho, e a redução momentânea da produção da commodity pela BHP afetada por um ciclone tropical na Austrália Ocidental.

A Guide, além da Petrobras, também incluiu Sabesp ON entre as preferidas. Para a corretora, as ações da empresa de água e saneamento podem destravar ainda mais valor devido à perspectiva de sua privatização, dado a expectativa de menor interferência política em suas decisões, alinhando seus objetivos à indústria, com melhora de governança e administração.

Já a XP, com a saída de Petrobras PN, incluiu AES Tietê Unit. Modalmais trocou toda a carteira que agora passa a contar com Vale ON, EcoRodovias, Santander Unit, SulAmérica Unit e Klabin Unit. Nova Futura também renovou todo o portfólio com a entrada de BB Seguridade ON, Braskem ON, Grendene ON, Localiza ON e Rumo ON.

Termômetro

O mercado reduziu o otimismo sobre o desempenho do Ibovespa na próxima semana, mostra o Termômetro Broadcast Bolsa, que tem por objetivo captar o sentimento de operadores, analistas e gestores para o comportamento do índice na semana seguinte.

Entre 34 participantes, a expectativa de alta para o índice ficou em 41,18%, ante 75,00% na edição anterior, enquanto a percepção de queda saltou de 10,71% para 32,35%. Os que veem estabilidade representam 26,47% do universo, ante 14,29% na última pesquisa. A Bolsa apurou perda de 4,36% nesta semana.

A semana da Páscoa é mais curta nos mercados aqui e no exterior, com o feriado da Sexta-feira da Paixão. Antes, porém, as atenções estarão em Brasília, na tramitação da reforma da Previdência. Estava prevista para o dia 17 a votação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, do parecer favorável à admissibilidade da reforma apresentado pelo relator Marcelo Freitas (PSL-MG), mas, ao mesmo tempo, o presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), deve pautar também na próxima semana a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que torna o Orçamento impositivo.

Ainda, seguirão no radar possíveis desdobramentos da decisão do presidente Jair Bolsonaro de suspender o reajuste nos preços do óleo diesel que havia sido determinado pela Petrobras, que foi considerada "catastrófica" pela área econômica do governo. Na terça-feira, Bolsonaro se reúne com membros da estatal para discutir a decisão.

A agenda local de indicadores tem como destaque o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). No exterior há uma bateria de dados relevantes na China, como PIB, produção industrial e vendas no varejo. Também são esperados dados da indústria e varejo norte-americanos. Na quarta-feira, será divulgado o Livro Bege do Federal Reserve.

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