Outorga de água é para quem dá mais emprego, defende Tom Prado

Empresário e coordenador do Comitê Técnico Fitossanitário da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) está em Berlim, onde participa da Fruit Logistica - considerada a maior feira do setor de frutas do mundo

Escrito por Egídio Serpa , egidio.serpa@diariodonordeste.com.br
Legenda: Feira iniciou a montagem dos stands ontem e deve ter abertura nesta quarta-feira
Foto: Foto: Egídio Serpa

Na véspera da abertura da maior feira de frutas do mundo, a Fruit Logistica, que anualmente é realizada na primeira semana de fevereiro na capital da Alemanha, o empresário cearense Tom Prado, CEO da Itaueira Agropecuária, uma das maiores produtoras de melões do Brasil, manda de Berlim uma mensagem ao Governo cearense: é possível fazer do Ceará o maior produtor de frutas do País. Basta aproveitar bem a pouca água que hoje existe, aplicar uma eficiente política de outorgas e impor uma severa fiscalização nas áreas outorgadas, punindo quem produz irregularmente.

Tom Prado, que é também coordenador do Comitê Técnico Fitossanitário da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), afirma que o Ceará é 100% dependente da água que vem da chuva, do subsolo e da que virá do Projeto São Francisco de Integração de Bacias, cujo Canal Norte, que beneficiará o Ceará, ainda não ficou pronto. "A outorga da água deve ser diretamente proporcional à geração de emprego e inversamente proporcional ao volume consumido", defende.

Dura fiscalização

Lembrando que, "em casa que falta o pão, todo mundo briga e ninguém tem razão", Tom Prado explica que é necessário haver uma eficiente gestão dos recursos hídricos com dura fiscalização do seu uso. "O Estado do Ceará já tem uma oferta hídrica menor do que a demanda de todas as suas atividades econômicas humanas e animais. Então, se eu tenho pouca água, de quem é essa água? Ela é dos cearenses, é do povo do Ceará. Essa oferta hídrica - que sobra após atender à prioridade do consumo humano e animal - deve ser direcionada às atividades que gerem mais emprego e renda, porque, se eu tenho desemprego no Ceará e a água que possuo não é suficiente para todas as atividades, tenho de eleger uma hierarquia de uso. Essa hierarquia deve beneficiar não as atividades, mas o povo cearense", afirma Tom Prado.

Ele ainda argumenta que o primeiro critério deve ser a geração de emprego. "Suponhamos que há duas empresas industriais querendo instalar-se no Ceará. Ambas consomem a mesma quantidade de água; uma gerará 10 mil empregos, a outra só 100 empregos. Claro que terei de abdicar daquela que só abrirá 100 empregos. Quando - e se - o Ceará tiver todos os seus grandes açudes recarregados, com plena oferta de água, aí os critérios de outorga poderão ser mudados", reitera Tom Prado.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados