Investimentos caem pelo segundo trimestre consecutivo; indústria também recua

Para economistas, o baixo investimento nos últimos trimestres reflete as incertezas com relação à retomada do crescimento e à aprovação de reformas para equilibrar a situação fiscal do país

Escrito por Folhapress ,
Legenda: Os investimentos tiveram queda de 1,7% no primeiro trimestre de 2019 frente ao trimestre anterior
Foto: Foto: Agência Brasil

O investimento na economia brasileira caiu pelo segundo trimestre consecutivo, em um sinal de que os empresários ainda não estão confiantes para tirar o pé do freio e voltar a apostar em crescimento de seus negócios. 

Os dados do PIB divulgados nesta quinta-feira(30) pelo  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que os investimentos tiveram queda de 1,7% no primeiro trimestre de 2019 frente ao trimestre anterior. No quarto trimestre de 2018, o indicador havia caído 2,5%. Na comparação com o primeiro trimestre de 2018, o investimento cresceu 0,9%. Em quatro trimestres, acumula alta de 3,7%

Para economistas, o baixo investimento nos últimos trimestres reflete as incertezas com relação à retomada do crescimento e à aprovação de reformas para equilibrar a situação fiscal do país. Sem dinheiro em caixa, governo federal, estados e municípios também têm investido menos. 

O cenário levou a Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre) a reduzir, na semana passada, suas expectativas de crescimento dos investimentos durante 2019 de 3,8% para 2,3%

A projeção, divulgada no Boletim Macro da entidade, considera a contabilização de importações de plataformas de petróleo realizadas no ano passado. Sem elas, o crescimento do investimento seria de 1,4% no ano, diz o boletim.

"Como podemos pensar em crescimento econômico sem investimento?", questionam no documento os economistas Armando Castelar e Silvia Matos.  Em março, o Banco Central também reduziu sua projeção de crescimento dos investimentos em 2019, passando de 4,4% para 4,3%.  

Indústria

Com impactos da fraca demanda interna, de restrições à produção de minério de ferro e da crise da Argentina -um dos principais parceiros comerciais do Brasil- a indústria fechou o primeiro trimestre em queda de 0,7% frente aos últimos três meses de 2018. 

O mau desempenho foi puxado pela indústria extrativa (-6,3%), impactada pela suspensão de operações da Vale após o rompimento da barragem de Brumadinho (MG). A construção civil caiu 2%, no segundo trimestre seguido de baixa. A indústria de transformação recuou 0,5%.

Na comparação com o mesmo trimestre de 2018, a indústria caiu 1,1%. A indústria extrativa caiu 3%, a construção caiu 2,2%, e a indústria de transformação, 1,7%.  Foi o vigésimo trimestre seguido de queda na construção nessa base de comparação.

Em sua última projeção, o Banco Central reduziu a expectativa de crescimento da indústria em 2019 de 2,9% para 1,8%, com recuos nas perspectivas das indústrias de transformação e extrativa.

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