Índice por faixa de renda registra 1ª deflação para famílias com renda mais baixa

O recuo no preço de alguns alimentos importantes, como cereais (-4,55), frutas (-6,1%) e massas/farinhas (-0,75%), determinaram a queda de 0,03% na inflação das famílias com renda muito baixa

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: Também contribuíram para o controle dos preços nessas faixas de renda a queda das tarifas de energia elétrica, da ordem de 1,1%, do gás de botijão, de 0,48%, e da gasolina, de 2% em junho.
Foto: Helene Santos

Pelo terceiro mês consecutivo houve desaceleração no ritmo do crescimento dos preços em todas as seis classes pesquisadas pelo Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, que em junho registrou a primeira deflação desde novembro 2018 para as famílias de renda mais baixa, que ganham até R$ 1.615,64.

O recuo no preço de alguns alimentos importantes, como cereais (-4,55), frutas (-6,1%) e massas/farinhas (-0,75%), determinaram a queda de 0,03% na inflação das famílias com renda muito baixa e o recuo de 0,02% para as famílias de renda baixa, que ganham até 2.418,20.

O indicador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) separa por seis faixas de renda familiar as variações de preços medidas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Também contribuíram para o controle dos preços nessas faixas de renda a queda das tarifas de energia elétrica, da ordem de 1,1%, do gás de botijão, de 0,48%, e da gasolina, de 2% em junho.

A queda desses itens provocou também a redução do impacto do preço dos grupos de habitação e transporte, de 0,01 ponto porcentual negativo, o que evitou que as altas dos aluguéis (0,38%), tarifas de água e esgoto (1,6%) e ônibus (0,39%) elevassem a inflação.

"Em contrapartida, a forte alta de 1,5% nos preços dos artigos de higiene pessoal fez com que o grupo saúde e cuidados pessoais gerasse uma contribuição de 0,06 ponto porcentual para a inflação, o que impediu uma deflação mais expressiva para as famílias mais pobres", explicou o Ipea em nota nesta sexta-feira 12.

Para as famílias com renda alta, ou seja, as que ganham mais do que R$ 16.156,35 por mês, a inflação em junho também foi ajudada pela queda dos alimentos, com peso menor do que para as famílias mais pobres, porém, a redução dos combustíveis compensou a forte alta de 18,9% das passagens aéreas no mês passado.

Mesmo assim, a inflação das famílias de alta renda ficou um pouco acima do IPCA de junho (+0,01%), registrando alta de 0,03% puxada pelos artigos de higiene pessoal (+0,09%) e do ajuste de 0,80% dos planos de saúde.

O aumento do gás encanado (7,3%) e do condomínio (0,47%) também tiveram participação na taxa positiva das classes mais altas, ainda inflada pelo aumento dos preços dos serviços pessoais (0 28%) e do vestuário (0,50%).

"Após a incorporação do resultado de junho, observa-se que, embora a diferença entre as classes esteja reduzindo ao longo dos últimos meses, no acumulado do ano, a inflação da faixa de menor poder aquisitivo ainda se mantém acima da registrada no segmento de renda mais elevada", observou o Ipea.

No ano, enquanto o IPCA acumula alta de 2,23%, as famílias de renda muito baixa registram inflação positiva de 2,38% e as de renda alta, de 2,27%.

No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA de 3,37% fica abaixo da inflação dos mais pobres (3,42%) e dos mais ricos (3,41%).

"No acumulado em doze meses, nota-se que não só houve uma expressiva desaceleração da inflação em todos os segmentos como também se verifica que, após a retirada do resultado da inflação de junho de 2018, que foi significativamente maior para os mais pobres, devido à greve dos caminhoneiros, tanto a faixa de renda mais baixa quanto a mais alta registram variações similares, próximas a 3,4%", conclui o levantamento do Ipea.

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