Governo firma convênio para beneficiar micro e pequenas empresas no turismo

O setor precisa se adaptar às transformações propostas pelos avanços tecnológicos

Escrito por Ana Carolina Curvello - Sucursal Brasília/DF ,

O Convênio de Cooperação Técnica, entre o Ministério do Turismo, Sebrae e Embratur, no valor de R$ 200 milhões, que visa promover ações para aumentar a competitividade das micro e pequenas empresas que atuam na atividade turística foi assinado no evento Turismo Summit que ocorreu nos dias 4 e 5 de setembro, em Brasília. 

Com duração de dois anos, o convênio tem como objetivos centrais a inovação da oferta turística, qualificação de produtos e serviços e a promoção de destinos.

“O turismo é uma das duas grandes vantagens competitivas do Brasil, mas ainda precisa evoluir muito. Uma atividade que gerou um em cada cinco empregos no mundo na última década tem que ser vista com mais atenção. Somos um país ainda muito fechado e isso sem dúvida atrapalha o crescimento do Brasil e de todo o setor”, declarou o ministro do Turismo, Vinicius Lummertz. Mais de 70% das empresas do setor são micro ou pequenas empresas.

Segundo especialistas, o turismo tem interações diretas ou indiretas com 52 outras atividades econômicas, constituindo uma malha ampla e complexa de encadeamento, que, a partir da internet, passou a ter uma lógica diferente de atuação. Os intermediários tradicionais, como as agências de viagens, ganharam a concorrência de plataformas digitais e das Online Travel Agencies (OTA).

Na avaliação do diretor de administração e finanças do Sebrae, Vinicius Lages, as mudanças no meio tecnológico tiveram impacto significativo em diversos campos, tornando necessária, cada vez mais, a integração nos processos de dados, serviços e ofertas turísticas. “Não há como ter uma vivência turística no Brasil sem habilitarmos o conjunto de atores que constituem o setor”.

A líder de insights para a indústria de turismo no Google Brasil, Aline Prado, apresentou no evento dados que revelam o impacto da tecnologia no turismo. De acordo com a representante do Google, existem cerca de 235 milhões de celulares ativos no Brasil, e cada pessoa olha para a tela aproximadamente 183 vezes por dia. Isso fez dos smartphones mais que um aparelho de ligações, mas um assistente pessoal, inclusive na hora de pesquisar suas próximas viagens.

"No mercado de viagens não é diferente. 53,6 milhões de viajantes brasileiros têm acesso à internet, e isso fez com que um bilhão de buscas de diferentes fases da viagem fossem feitas no País no ano de 2017", explicou.

Aline reforçou que com a exigência do turista, a tecnologia tem facilitado a procura por hospedagens mais econômicas e de qualidade. “O turista está mais exigente. Os novos modelos, como o Airbnb, quebraram a relação de que o mais caro é o melhor. O consumidor de hoje busca experiências”, explicou.

Para a especialista, as empresas turísticas precisam cada vez mais entender as mudanças nas tendências nos longos processos de escolhas de uma viagem. Segundo estudos feitos pelo Google, muitos viajantes buscam informações para onde viajar por meio do site de busca, já que muitas empresas estão mal preparadas na plataforma online.

"Falta criação de conteúdo nas empresas. Elas não se atualizaram neste sentido, não oferecem informações detalhadas que poderiam influenciar na escolha da viagem e agregar valor ao seu negócio, e os consumidores acabam decidindo a viagem inteira por conta própria antes de qualquer compra. Aqueles que conseguirem criar conteúdo para influenciar viajantes terão assim um diferencial", conclui a especialista do Google.

Outros dados do Google, apresentado pela Aline no evento, revelam que, em 2015, 45% dos brasileiros ficavam em hotéis nas suas viagens, 24% em pousadas, 8% em resorts e apenas 3% em aluguel para temporadas. Em 2018, um decréscimo foi visto nos mais tradicionais: hotéis caíram para 38%, e pousadas, para 22%. "Enquanto isso o aluguel por temporada, o que inclui o Airbnb, viu uma explosão de crescimento, de 87,7%", exemplifica Aline.

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