Gasolina poderá ficar ainda 10% mais barata na próxima semana, afirma especialista

Ajustes represados dariam espaço para que o combustível fique mais acessível nos próximos dias. No ano, a gasolina acumula um reajuste de 40% nas refinarias da Petrobras

Escrito por Samuel Quintela , samuel.quintela@svm.com.br

A gasolina deverá ficar mais barata nos próximos dias. Segundo Bruno Iughetti, consultor na área de petróleo e gás, pelas quedas sucessivas no preço do combustível no mercado global, ainda na próxima semana, o preço de revenda do combustível no Ceará deverá ficar 10% menor

A flutuação, caso ocorra de fato, reduziria ainda mais o valor cobrado pela gasolina após anúncio da última terça-feira, 24, pela Petrobras que cortou em 15% o preço do combustível nas refinarias. 

Segundo o consultor ainda existe bastante espaço para redução de preços por questões de estoque e de reajustes que ainda não chegaram às bombas de combustível ainda. Iughetti, contudo, não projeta qualquer alteração de preços para esta semana. 

"Calculo que o preço de bomba pode ter uma redução de 10% em meados da semana que vem. Ainda há uma boa quantidade represada de reajuste e isso é uma oportunidade que vai além dos 15% de reajuste da Petrobras", disse o consultor.

Além da gasolina, Iughetti afirmou que o diesel também poderá ficar mais barato na próxima semana. Ele explicou que o diesel não passou por reajustes nos últimos dias e isso poderia significar esse atraso de repasse por estoque. 

Contexto internacional

"Há muito reajuste represado. Isso nos leva a crer que o diesel estará encontrando, dentro de 10 dias, uma redução de preços. A queda da gasolina tem acontecido em todos os países da Europa e nos EUA, só que lá foi mais abrupta, então esperamos algo nesse sentido aqui também", disse o consultor. 

A queda do preço da gasolina vem acompanhando a queda das cotações do barril de petróleo no mercado internacional. Ao longo de 2020, a estatal reduziu o preço dos seus combustíveis para repassar as quedas do preço da commodity, que se agravou nos últimos dias após o início de uma guerra de preços entre a Rússia e a Arábia Saudita, que discordam sobre o nível do preço do petróleo.

A Arábia Saudita propôs mais um corte para enfrentar a crise, recusado pela Rússia, que informou poder lidar com preços baixos do petróleo pelo período de 10 anos. De acordo com a Petrobras, "os preços para a gasolina e o diesel vendidos às distribuidoras têm como base o preço de paridade de importação, formado pelas cotações internacionais".

ANP

Em 2020, a gasolina já acumulou oito cortes de preço, com o último (de 15%), marcando a terceira redução em doze dias. No ano, o preço de venda do combustível nas refinarias da Petrobras já acumula uma queda de 40%. 

A estatal já indicou sete cortes para o diesel, que soma 29% de redução. 

Com as medidas, o preço médio de vendas nas refinarias, para a gasolina, passou para R$ 1,1458 por litro, o menor desde outubro de 2011. O dado é de um levantamento feito pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Reajustes 

Segundo Iughetti, vários fatores podem favorecer o atraso de repasse dos reajustes da Petrobras às bombas. A existência de estoque comprado com preços antigos e os detalhes de composição de preço nos postos são os principais pontos.

Empresários, segundo Iughetti levam a cobrança de impostos, a margem de lucro e a taxa de mistura de outros combustíveis na gasolina para calcular as alterações de preços do combustível. 

"A redução da gasolina já caiu 40% nas refinarias, mas o repasse não é imediato e depende de vários fatores, como estoques, margens de lucro da revenda , impostos e proporção de mistura de combustíveis. Por isso, não é instantâneo", disse.

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