Em dia de recuperação no exterior, mercado brasileiro piora

Bolsa brasileira atinge pior nível desde janeiro

Escrito por Folhapress ,
Legenda: O episódio deixa investidores cautelosos com a aprovação da reforma da Previdência, que depende da boa articulação do governo com o centrão.
Foto: FOTO: MIGUEL SCHINCARIOL/AFP

A quarta-feira (15) foi de recuperação para as principais Bolsas mundiais, que tiveram o segundo pregão positivo após o tombo da segunda (13). O Brasil, entretanto, não conseguiu acompanhar o viés otimista com nova derrota do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados. A Bolsa brasileira atingiu o pior nível durante o pregão desde janeiro, a 90.294 pontos. O dólar acompanhou e operou a R$ 4 durante toda a manhã.

Na terça (14), oposição e centrão impuseram mais uma derrota ao governo na Câmara. Foi aprovada a convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para o plenário da Câmara prestar esclarecimentos do bloqueio de R$ 7,3 bilhões na pasta aos 513 parlamentares.

Inicialmente, Weintraub falaria na comissão de educação, mas foi surpreendido pela convocação. A intenção do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, era derrubar a deliberação e impedir que o ministro fosse obrigado a vir, mas foi derrotado por 307 votos a 82.

"Vamos ver quantos votos o governo tem", debochou o líder da maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-AL), quando deputados do PSL pediram para fazer a votação nominalmente. 

O episódio deixa investidores cautelosos com a aprovação da reforma da Previdência, que depende da boa articulação do governo com o centrão.

"A nossa Bolsa reflete o cenário doméstico de incertezas. A convocação do ministro por membros do centrão faz com que o mercado pondere se o governo realmente tem a capacidade de articulação que diz ter", afirma Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos

Outro dado preocupante para o mercado é a confirmação do Banco Central de que a atividade econômica brasileira registrou retração de 0,68% no primeiro trimestre.

O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) recuou também na comparação de março com fevereiro, apresentando queda de 0,28%. Economistas previam queda de 0,20%, segundo projeções das agências Bloomberg e Reuters. 

"O desempenho do IBC-BR confirmou a fraqueza da economia brasileira no primeiro trimestre. Assim como para a maioria dos números das pesquisas setoriais, o indicador confirma que a economia não tem avançado na margem. Com isso, prevemos uma retração do PIB no 1º trimestre de 2019 em relação ao quarto trimestre de 2018 em torno de 0,3%. Para o ano cheio, revimos nossas projeções para o intervalo entre 1,3% e 1,5%", afirma Guide Investimentos em relatório.

O Ibovespa, maior índice acionário do país, chegou a cair mais de 2% no início do pregão, quando chegou a 90.294 pontos. Durante o dia, a queda foi amenizada, com melhora no exterior. O índice fechou com recuo de 0,51%, a 91.623 pontos. O volume financeiro somou R$ 17,459 bilhões, dentro da média diária para o ano.

"Todos estes fatores negativos fazem com que o investidor realize lucros e se proteja. No ano, a saída de investidores estrangeiros já soma R$ 2,5 bilhões. Dependemos de uma boa reforma da Previdência para melhorar o quadro econômico brasileiro", afirma Álvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais.

O dólar acompanhou o viés negativo e operou a R$ 4 durante toda a manhã. A máxima no dia foi de R$ 4,0230. Pela tarde, a moeda americana perdeu força e fechou a R$ 3,9980, alta de 0,52%. 

No exterior, os pregões também iniciaram em queda, após dados fracos da economia chinesa. No entanto, a decisão do presidente americano Donald Trump de adiar em seis meses o aumento de 25% nas tarifas de carros importados animou os mercados.

A medida, confirmada por três funcionários do governo à Reuters, agradou fabricantes europeus e japoneses e foi vista como um passo em direção a um acordo comercial com China.

Com a notícia positiva, os principais índices globais continuaram escalada de recuperação após o tombo de segunda. Dow Jones subiu 0,45%, S&P 500 teve alta de 0,58% e Nasdaq teve valorização de 1,13%.

Bolsas europeias também fecharam em alta. A Bolsa de Londres subiu 0,76%, Paris teve 0,62% de ganhos e Berlim teve alta de 0,9%.

Índices asiáticos fecharam em viés positivo. Bolsa do Japão teve alta de 0,58%. Hong Kong subiu 0,52% e o índice CSI 300, que mede o desempenho dos papéis das bolsas de Shangai e Shenzen, disparou 2,25%.

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