Dólar fecha em alta após bater R$ 3

Preocupação com ajuste fiscal brasileiro pressionou a sessão da Bolsa de hoje e fez moeda americana decolar

Escrito por Reuters ,

O dólar subiu nesta quarta-feira (3) e chegou a bater R$ 3 pela primeira vez em mais de dez anos, embalado pela decisão do presidente do Senado de rejeitar Medida Provisória que trata de desonerações tributárias, dificultando ainda mais o ajuste das contas públicas brasileiras.

A moeda norte-americana avançou 1,80%, a R$ 2,9807 na venda, maior patamar de fechamento desde 19 de agosto de 2004, quando atingiu R$ 2,987. Na máxima da sessão, o dólar atingiu R$ 3,0010, maior nível intradia desde 18 de agosto de 2004. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 2,3 bilhão.

Movimentação ao longo da sessão

Às 12h34, a moeda norte-americana avançava 2,25%, a R$ 2,9940 na venda, após atingir R$ 3,0010 na máxima da sessão, maior nível desde agosto de 2004. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro estava em torno de 674 milhões de dólares. "Ninguém sabe onde vai parar, é uma barbárie", resumiu o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho.

Decisão do Senado

Na noite passada, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) surpreendeu o Executivo na noite passada ao rejeitar a medida provisória 669, argumentando que ela não cumpria preceitos constitucionais. Pouco depois, o governo enviou um projeto de lei com urgência constitucional assinado pela presidente Dilma Rousseff para substituir a MP.

A perspectiva de melhora da política fiscal vinha sendo uma luz no fim do túnel em meio ao cenário de contração econômica e inflação acima de 7 por cento neste ano. À medida que se torna mais difícil para o governo cortar seus gastos, a pressão cambial também se intensifica.

"O dólar já estava em uma tendência de alta em função dos fundamentos deteriorados. Agora, há esse 'a mais', que é o cenário político conturbado dificultando a implementação do ajuste fiscal", disse o analista da WinTrade Bruno Gonçalves, que não tem expectativas de alívio no câmbio no curto prazo.

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