Consumo das famílias tem maior queda da história

A economia teve retração no patamar inédito de 5,3% no primeiro mês de distanciamento social do País

Escrito por Folha Press ,
Legenda: Responsável por cerca de dois terços do PIB, o consumo das famílias vinha crescendo 2% ao ano
Foto: Foto: Bruno Gomes

A pandemia de coronavírus derrubou o principal pilar de sustentação da economia brasileira, o consumo das famílias, que registrou queda inédita em março, segundo dados do Monitor do PIB, indicador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) divulgado nesta segunda-feira (18).

A economia teve retração no patamar inédito de 5,3% no primeiro mês de distanciamento social do país, em comparação a fevereiro, com queda de 6,5% no consumo das famílias brasileiras. Responsável por cerca de dois terços do PIB, o consumo vinha crescendo 2% ao ano e sustentando a fraca recuperação da economia desde o final de recessão de 2014-2016. Nos três últimos anos, o país cresceu pouco mais de 1%.

Os dados do Monitor do PIB também contrariam o discurso do Ministério da Economia de que o PIB brasileiro estava decolando quando o mundo foi atingido por um "meteoro", em uma referência à pandemia de coronavírus.

Segundo a FGV, a economia já vinha com resultados fracos em janeiro (+0,6%) e em fevereiro (+0,2%). Com isso, no primeiro trimestre do ano, o indicador teve queda de 1%, pior resultado desde o terceiro trimestre de 2015, auge da recessão mais recente no país.

Os dados oficiais do PIB para o primeiro trimestre serão divulgados pelo IBGE no próximo dia 29, mas trazendo números para o período fechado de três meses, sem resultados mensais. Os dados do monitor também apontam para uma mudança no perfil de consumo das famílias. Todas as modalidades tiveram queda em março, com exceção dos bens não duráveis (principalmente produtos alimentares e farmacêuticos).

Os produtos semiduráveis, como vestuário e calçados, e os duráveis, que dependem de crédito (como automóveis, elétricos e eletrônicos, entre outros), tiveram queda superior a 20%. Os serviços tiveram retração de 5%.

Outro componente do PIB, o investimento público e privado, também não deve ajudar na recuperação. Em março, mostrou retração de 5,8%. No trimestre, queda de 0,5%. O consumo do governo segue estagnado.

As exportações recuam, apesar do câmbio mais favorável. Assim como no Brasil, a demanda mundial por produtos industriais segue baixa, e as vendas que crescem são as de commodities. 

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