Consumidor pode comprar quase duas cestas básicas com juros do cartão de crédito, em três meses

Para uma fatura de R$ 1.508, valor médio da dívida do fortalezense em setembro, o juros a se pagar soma R$ 667,89 após três meses de atraso

Escrito por Carolina Mesquita , carolina.mesquita@diariodonordeste.com.br
Dívidas e inadimplência
Foto: JL Rosa

O cartão de crédito pode ser um grande aliado do consumidor, trazendo facilidades no pagamento ou em casos de emergência quando não há saldo disponível. No entanto, é preciso cuidado ao utilizá-lo devido ao alto juro em casos de atrasos. Caso o usuário perca o controle e atrase o pagamento da fatura por três meses, ele poderá de juros o suficiente para comprar quase duas cestas básicas.

Em setembro, a dívida média do consumidor da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE), era de R$ 1.508. O núcleo de dados do Sistema Verdes Mares, a partir de informações o Banco Central e metodologia do Portal Bons Investimentos, estima que, após um mês de atraso, o consumidor pagará cerca de R$ 196,04 apenas de juro rotativo. Após três meses, esse valor sobe para R$ 667,89.

A partir desse patamar, observou que, além de quase duas cestas básicas (no valor médio de R$ 402,84 em agosto), também é possível percorrer 1,8 quilômetros de carro, tendo como base o valor médio da gasolina no Ceará na semana entre os dias 8 e 14 de setembro (R$ 4,57) e a quilometragem da Chevrolet Onix (12,9 KM/l), que foi o carro mais vendido no Brasil no primeiro semestre.

Para aqueles que estão querendo construir ou reformar, o custo com juros para o atraso de três meses no pagamento da fatura daria para adquirir 36,2 sacos de cimento de 50 quilos cada.

Caso o consumidor atrase ainda mais o pagamento, aos 6 meses, ele já terá de arcar com R$ 1.631,58 apenas de juros. Esse montante chega ao R$ 5.028,46 com um ano de atraso. Após 24 meses, os juros já somarão R$ 26.824,44.

O presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef Ceará), Luiz Antonio Trotta Miranda, aponta que o juro rotativo é um dos mais altos disponíveis ao consumidor juntamente com o cheque especial. "Ele está em torno de 12,5% 13% ao mês. Ao ano, ele chega a 300%, ou seja, todo ano sua dívida é triplicada", destaca.

Ele alerta que os cartões tem um mecanismo de facilitar o aumento da dívida que é o pagamento mínimo da fatura. "O consumidor se ilude pagando só aquele valor, mas ele não sabe que está imbutido juros altíssimos", afirma.

Miranda orienta que o consumidor tem que ter em mente que o cartão é um dinheiro que ele vai ter que pagar no mês seguinte. "É um recurso que vai ter que sair do orçamento. Tem que ter muito cuidado exatamente para não perder o controle. Quem não tem um orçamento organizado, é melhor evitar usar o cartão, porque ele só vai ver o quanto gastou quando vem a fatura e pode ser tarde demais". Ele também aconselha a não ter muitos cartões, o que pode contribuir a se perder nas contas.

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