Clientes de banda larga fixa passam por instabilidades por conta do volume de acessos

A pandemia do coronavírus forçou a quarentena e, consequentemente, maior consumo de internet por parte de consumidores residenciais e se tornou um desafio para companhias e usuários

Escrito por Daniel Praciano , daniel.nobre@svm.com.br
Foto: Foto: Melquíades Júnior

Neste momento de quarentena por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), com muita gente trabalhando em casa, com home office, crianças fora da escola, a demanda por download e upload de dados cresce bastante. E aí os problemas com provedores de internet aumentam. Segundo Eduardo Tude, presidente do Teleco, um site que reúne especialistas e conteúdos de análise do mercado de internet no Brasil, o problema maior é na hora de pico, especialmente à noite, que causa queda ou intermitência da qualidade da banda larga fixa, principalmente por conta do uso do streaming, notadamente, o de vídeo. “Normalmente é o streaming de vídeo à noite que aumenta a demanda. O pessoal que está em casa, muita gente ao mesmo tempo. O que os provedores de streaming têm feito é baixar um pouco a qualidade do vídeo para diminuir o tráfego”, afirma, ressaltando que mesmo assim o impacto na conexão é grande.

A gigante nacional Net, do grupo Claro, aparece no site Down Detector, que se propõe a fazer monitoramento de problemas e mostrar tempo de inatividade em tempo real e interrupções do serviço, como um dos que está enfrentando os maiores problemas nos últimos dias. Praças como São Paulo, Porto Alegre, Campinas, Rio de Janeiro, Brasília, São Bernardo do Campo/SP, Curitiba, Belo Horizonte e Goiânia surgem como as que têm mais reclamações de usuários.

Não há muitos dados sobre Fortaleza. Porém, Fortaleza e Maracanaú surgem no mapa do site como tendo problemas em algumas regiões, mas nada parecido com as cidades citadas anteriormente. Na nossa Capital, o problema parece ser mais concentrado na região do Meireles e Mucuripe. Já em Maracanaú, a dificuldade de acesso parece, pelo mapa, na região próxima ao estádio Moraisão. Tudo isso até o fechamento desta matéria. Importante frisar isso, pois os dados mudam de acordo com o momento da busca.

10.764
de acessos em todo o Brasil tivemos em fevereiro deste ano na banda larga fixa em fibra óptica. Isso representa uma queda de 0,7% frente ao mês de janeiro. No Ceará, o total de acessos foi 7,06% menor (496.574) que janeiro que teve 534.296 clientes conectados. Mesmo assim é muita gente usando a banda larga fixa no País e aqui no Estado.

Tentamos falar com a assessoria da Claro/Net que nos passou um documento sobre o que as empresas, em conjunto, estão fazendo pelo consumidor, como liberar canais e aumentar a banda do serviço de internet ou oferecer 100 MB a mais para serviços móveis por dia. Nada com relação ao problema dos consumidores da banda larga fixa.

Outra empresa, essa regional, que vem atravessando problemas é a Multiplay Telecom. Vendo o aumento de reclamações dos usuários, a companhia enviou nota para os clientes onde pediu a compreensão de seus clientes por conta do momento com possíveis quedas, lentidão e interrupção dos serviços. 

Segundo Fernando Nunes, diretor técnico da Multiplay Telecom, a companhia está trabalhando dia e noite para ajustar a demanda anormal causada pelo status de  quarentena ao qual todos estão passando. Ele informa que está havendo um aumento de demanda que foi superior a 30% do normal. “Sendo que a maior parte deste aumento é causado pelo uso de games online (70%,),  plataformas de vídeo streaming (15%) e o restante acesso geral”, garante. 

Estudo do QualiBest sobre o coronavírus confirma o que disse Nunes. De acordo com o levantamento feito online em dois momentos, em 10 e 12 de março deste ano com 1.098 entrevistas e depois em 20 e 22 de março com 1.005 entrevistas, 42% dos entrevistados falou que vai comprar ou já comprou serviço de streaming de vídeo como Netflix, HBO Go, Amazon Prime e Hulu Plus. Streaming de jogos foi mencionado por 20% e streaming de música como Spotify e Deezer foi ou será contratado por 18%.

38%
dos entrevistados pela QualiBest afirmam que concordam plenamente que tem falado mais com amigos e parentes usando telefone, WhatsApp, Skype e videoconferência. 27% concordam parcialmente, 23% discordam parcialmente e 12% discordam totalmente.

Reforço no suporte

De acordo com Nunes, a natureza do serviço em que a Multiplay Telecom se encaixa, exige que a equipe técnica deles monitore, amplie, otimize e repare constantemente a infraestrutura de rede para estar adequada a qualidade do serviço que oferecem aos clientes. “Estamos todos os dias e noite fazendo upgrades em equipamentos, contratações de disponibilidades em links, mas o que tem que se compreender é que o tráfego que estamos tendo hoje é equivalente a projeção de 3 a 4 anos de crescimento”, afirma.

Além disso, segundo Nunes, mesmo com todas as dificuldades do momento, a Multiplay garante que está tentando manter a normalidade do funcionamento do serviço de reparo interno nos problemas pontuais dos clientes, observando as recomendações para prevenção de propagação do coronavírus exigidas no momento.

“Para se ter uma ideia eu e minha equipe não tivemos uma madrugada desde o início desta quarentena sem estarmos acordados fazendo alterações e otimizações com objetivos de melhorar sempre. A verdade é que por ser um serviço invisível e pouco compreensível pela maioria da população, não há empatia ou compreensão e junto com o pessoal de saúde, limpeza e alimentação nosso setor de telecomunicações é fundamental e  está funcionando com tudo que temos”, desabafa.

Consumo maior

Segundo Sayde Bayde, diretor de Comunicações da Mob Telecom, nos últimos dias o consumo de internet por conta dos clientes da empresa (residenciais ou provedores de acesso) aumentou mais de 40%. A empresa trabalha com mais de 40 mil clientes no Ceará e um total de mais de 1 milhão no Brasil através de provedores nos estados de São Paulo, Amapá, Pará, Piauí, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro e Goiás. Ainda de acordo com Bayde, os picos de dados chegaram a 880GB, só em Fortaleza, que é a sede. 

A empresa garante ter criado dois comitês durante a crise do Covid-19. Um cuida da saúde dos funcionários, evitando que eles possam contrair a doença, inclusive com regime de home office e para os que vão às ruas fazer reparos técnicos, a liberação de equipamentos para evitarem o contágio. A outra comissão fica monitorando oscilações na rede para tentar evitar quedas bruscas ou falta do serviço para os clientes. Até agora esta segunda comissão tem conseguido evitar maiores problemas.

Outra empresa que garante estar atravessando bem a pandemia é a Brisanet. Focada no Interior dos estados onde atua, está no Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, a empresa afirma que está com equipes atuando para que os serviços não sejam interrompidos. O menor plano destinado aos usuários, garante o presidente da empresa, José Roberto Nogueira, é de 50 megas, e ele acredita que isso é suficiente para suprir as necessidades mesmo no atual momento pandêmico. “Estamos com todo time comercial e de marketing voltado para ajudar o time de operação em planejar como melhor atender o cliente Brisanet, que neste momento está em casa e precisa do serviço para se comunicar com seus parente. Nosso objetivo é que as pessoas que estão isolada se aproxime de seus familiares sem contato físico”, encerrou.

Solução

Mas então, como solucionar tal problema de alta demanda e gargalo de entrega de serviços de dados? Segundo Eduardo Tude, as empresas já estão buscando soluções como monitoramento e contratação de mais link e aumento de banda. Porém, o volume de tráfego crescente é um gargalo que as impede de estar 100%. Ao consumidor resta alternar entre serviços de internet como streaming de vídeos e games com TV a cabo, leitura e outros serviços para tentar reduzir o impacto na rede e o estresse do momento.

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