Cearenses pagaram mais de R$ 19,4 bilhões em impostos neste ano; retorno de tributos ainda é desafio

Para quitar as tarifas municipais, estaduais e federais, brasileiros precisam trabalhar 153 dias, de acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário

Escrito por Redação ,
Legenda: O valor atual é 7,18% maior que o verificado em igual período de 2018, de acordo com o Impostômetro, ferramenta que acompanha o volume de tributos pagos em todo o Brasil
Foto: Foto: Alex Costa

Os contribuintes cearenses pagaram mais de R$ 19,4 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais desde 1º de janeiro até esta terça-feira (4). O valor é 7,18% maior que o verificado em igual período de 2018, de acordo com o Impostômetro, ferramenta que acompanha o volume de tributos pagos em todo o Brasil.

> Brasileiro trabalha mais de 5 meses para pagar tributos. Entenda o que diz a lei

Em 2019, os impostos pagos no país ultrapassaram R$ 1 trilhão. Com a alta carga tributária, os brasileiros precisam trabalhar 153 dias para arcar com impostos, conforme o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Ou seja, neste ano, o salário do trabalhador brasileiro só passou a ser realmente dele no último domingo (2).

O grande problema do peso da carga tributária brasileira está na incapacidade de os governos transformarem esses recursos em serviços para a sociedade, analisa o assessor de investimentos, Davi Melo. Para ele, mesmo pagando aproximadamente 40% da renda em impostos, o cidadão não tem os direitos sociais que são dever do Estado, segundo a Constituição Federal. 

"Isso impacta, principalmente, as camadas mais pobres da sociedade, pois estes não dispõem de capital para usufruir de serviços privados de maior qualidade e são completamente dependentes dos serviços públicos”, explica Davi Melo.

Retorno 

Um estudo realizado pelo IBPT apontou que, entre os 30 países com maior tributação, o Brasil é o último colocado no Índice de Retorno e Bem-Estar Social (Irbes), que mede o retorno dos tributos para a população em termos de qualidade de vida. Em primeiro lugar, está a Austrália, depois vem a Coreia do Sul e Estados Unidos. 

O assessor de investimentos, Davi Melo, diz que os impostos deveriam retornar à sociedade em forma de serviços como saúde, educação e segurança.

"Seja por desvio de recursos ou pela má gestão pública, estamos entre os piores serviços públicos do mundo, com escolas sem estrutura básica e pessoas morrendo nos corredores de hospitais sem um atendimento médico digno”, destaca.

Investimentos prejudicados

Ele salienta que, além de pesar no bolso do cidadão brasileiro, a alta carga tributária também impacta a economia do país de forma mais ampla, uma vez que acaba afastando investimentos. Davi Melo pontua que a carga tributária do Brasil é alta e complexa, fazendo com que as empresas gastem mais de 1.950 horas por ano para quitarem os impostos.

"São inúmeras normas que obrigam as empresas a terem gastos elevados com pessoal, sistemas e equipamentos para se manterem atualizadas com todas as exigências. Isso tudo afasta os investimentos do Brasil. Sem investimentos, não temos empregos, o que agrava ainda mais a crise econômica e social na qual o nosso país se encontra”, afirma, acrescentando que a nossa carga tributária está concentrada, principalmente, em produção e consumo, o que penaliza as classes mais pobres, enquanto dividendos empresariais são isentos.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.