Bolsa volta a operar após queda de 10%; dólar dispara

O Ibovespa, principal indicador da Bolsa brasileira, já iniciou o pregão abaixo dos 90 mil pontos, acompanhando o exterior. Na Ásia e Europa, os principais índices de ações derretem.

Escrito por Agência folha ,
Legenda: Bolsa brasileira abriu em forte queda, atingindo rapidamente uma retração de 10%
Foto: Agência Brasil

Os mercados financeiros vivem nesta segunda-feira (9) a perfeita definição de dia de pânico. O dólar dispara, apesar da intervenção do BC (Banco Central). O risco-país tem alta recorde. Os juros futuros sobem. A Bolsa brasileira abriu em forte queda, atingindo rapidamente uma retração de 10%.

Esse é o nível para que se acione o chamado circuit breaker, que leva à suspensão do pregão. É o primeiro circuit breaker desde o episódio conhecido como Joesley Day, em maio de 2017, e sexto da história. A suspensão inicial é de meia hora.

Após a pausa de 30 minutos, o Ibovespa retomou as negociações em queda de 9,5% por volta das 11h20, a 88.723 pontos, menor patamar desde dezembro de 2018. As ações da Petrobras caem cerca de 21%.

O Ibovespa, principal indicador da Bolsa brasileira, já iniciou o pregão abaixo dos 90 mil pontos, acompanhando o exterior. Na Ásia e Europa, os principais índices de ações derretem.

Desde o pico mais recente, quando atingiu a máxima histórica de 119.527 pontos, em 23 de janeiro, o índice cai 25,5%. A queda apaga todo o ganho do mercado de ações desde o início do governo de Jair Bolsonaro, em janeiro de 2019.

O dólar abriu nesta segunda em forte alta. Na máxima, bateu R$ 4,7940, mas teve a disparada parcialmente contida pela venda de US$ 3 bilhões de reservas pelo BC -o triplo do inicialmente previsto. O plano, na sexta-feira, era vender US$ 1 bilhão. No momento, a moeda sobe 2,4%, a R$ 4,745.

O pessimismo sinaliza principalmente uma piora nas perspectiva de impacto econômico com a disseminação do coronavírus. A desaceleração da economia global por causa da doença já é considerada inevitável.

Pesam neste início de semana a decisão do governo da Itália de colocar 16 milhões de pessoas no norte do país em quarentena, e da guerra de preços do petróleo entre grandes países produtores.

O quadro é de muita aversão, com investidores em todo o mundo buscando ativos considerados mais seguros - que não estão no Brasil neste momento.

Economistas agora aguardam medidas do governo brasileiro para amenizar o impacto da crise. Nesta manhã, o FMI (Fundo Econômico Mundial) recomendou aos governos do mundo que sejam ágeis na adoção de planos para evitar que o corona vírus tenham efeitos prolongados de retração econômica. Sugeriu medidas como aumento do crédito e liberação de seguro-desemprego.

O risco-país, medido pelo contrato de CDS (Credit Default Swap) sobe 43%, a maior alta da história em um dia. O índice retorna ao patamar de dezembro de 2018, aos 204 pontos.

A deterioração nos mercados nesta segunda sinaliza ainda os efeitos negativos da retração no preço do petróleo. O contrato futuro do barril do tipo Brent chegou a cair mais de 30% nesta sessão e agora é negociado ao patamar de US$ 36, queda de 20%. É a menor cotação desde 2016.

Uma queda de braço entre a Arábia Saudita (membro da Opep) e a Rússia, que se recusou a cortar a produção para fazer frente à queda do preço da matéria-prima já está sendo chamada de guerra do preço do petróleo, com impactos em escala global.

"A decisão da Arábia Saudita pega os mercados de surpresa e adiciona preocupações. Por ora, o impacto nos mercados está sendo avassalador", escreveu a corretora Guide em relatório desta segunda.

No ano, o petróleo cai quase 50%, reflexo da percepção de que a demanda pelo produto será menor com a redução da atividade econômica global. Uma queda de consumo já é certa: querosene de aviação, com a redução das viagens causada pelo coronavírus.
O Goldman Sachs apontou que o óleo pode ficar ao redor de US$ 30 por barril ao longo do segundo e do terceiro trimestre, sem descartar uma queda para US$ 20.

Já os juros brasileiros sobem, reflexo do temor de investidores sobre os impactos da doença sobre a economia brasileira. Na dúvida, a preferência é por cobrar mais para emprestar ao governo.

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