Bolsa fecha ano com valorização de 15%

A expectativa de investidores é de que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, adote uma agenda liberal

Escrito por Redação ,

Em um ano de turbulência global - marcado por uma guerra comercial e pela desaceleração chinesa -, a Bolsa brasileira se descolou dos mercados internacionais. O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou o ano com alta acumulada de 15,03%, enquanto bolsas de outros países emergentes como Chile e México recuaram 8% e 16%, respectivamente. Também teve desempenho melhor que as bolsas dos países desenvolvidos. Ontem, no último pregão de 2018, o Ibovespa avançou 2,8%, fechando aos 87.887,26 pontos.

A expectativa de investidores com a possibilidade de o presidente eleito, Jair Bolsonaro, adotar uma agenda liberal e tirar a reforma da Previdência da gaveta é apontada como a principal responsável pelo avanço da Bolsa brasileira neste ano, segundo analistas.

De acordo com o economista Ricardo Peretti, estrategista do Santander, investidores estrangeiros têm sinalizado que pretendem aguardar o primeiro semestre de 2019 pela tramitação da reforma. "Mas a paciência deles pode ser mais curta, dependendo da turbulência internacional", acrescenta.

O economista Eduardo Otero, sócio da Proseek, de educação no mercado financeiro, pondera que as tendências de manutenção da Selic (a taxa básica de juros) em patamar baixo e de recuperação econômica podem favorecer novos ganhos do Ibovespa nos próximos meses.

Apesar da alta, o desempenho do Ibovespa em 2018 foi inferior ao registrado nos últimos dois anos - em 2017 e 2016, o índice subiu 26,86% e 38,94%. Ainda assim, o resultado é considerado positivo, dado o cenário internacional mais complexo. A Bolsa de Shanghai, por exemplo, recuou 24,6% no ano. Nos EUA, os principais índices acionários caíram entre 4,6% e 7% no acumulado de 2018 - na segunda-feira ainda haverá uma última sessão. Quando se consideram os valores dos papéis brasileiros em dólares, o Ibovespa também teve um resultado melhor que os americanos, com queda de 1,79% no ano, segundo levantamento da Economática.

Para Peretti, do Santander, as quedas nos mercados emergentes estão mais relacionadas a problemas internos dos países do que ao aumento da taxa de juros nos Estados Unidos. No México, por exemplo, a eleição do presidente Andrés Manuel López Obrador, de esquerda, desanimou o mercado. Na China, além da desaceleração, pesou o envolvimento direto na guerra comercial.

O estrategista afirma ainda que, no caso americano, o recuo ocorreu sobretudo em dezembro, quando ganhou força a teoria de que os Estados Unidos poderão entrar em recessão dentro de 12 meses. "Mas esse cenário é incerto. Não estou convencido de que haverá recessão. Essa queda nas bolsas americanas parece um pouco exagerada."

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