Apenas 4 em cada 10 são capazes de arcar com despesa inesperada, diz pesquisa

Os números revelam ainda que a dificuldade é maior entre as classes mais baixas

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: A pesquisa do BC, da CNDL e do SPC Brasil mostrou ainda que, em caso de dificuldade financeira, o brasileiro conseguiria manter seu padrão de vida por até 5 meses, em média.
Foto: Foto: Alex Costa

De cada dez brasileiros, apenas quatro são capazes de arcar com uma despesa inesperada equivalente ao seu ganho mensal, sem fazer um empréstimo ou pedir dinheiro a amigos ou parentes. Esta é uma das conclusões da pesquisa "Preparo do brasileiro para o futuro e imprevistos", feita pelo Banco Central, pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

Conforme a pesquisa, somente 42,1% dos entrevistados se declararam capazes de enfrentar um imprevisto sem recorrer a um empréstimo ou pedir a ajuda de terceiros. Para 39,5%, isso não seria possível. Outros 18,4% não souberam responder.

Os números revelam ainda que a dificuldade é maior entre as classes mais baixas. Nos extratos C, D e E, 41,1% se declararam capazes de arcar com uma despesa inesperada, enquanto outros 41 0% disseram que isso não seria possível. Nas classes A e B, os porcentuais são de 45,9% e 34,0%, respectivamente.

As pessoas mais velhas também têm maiores dificuldades. Na faixa acima dos 55 anos, apenas 28,1% podem fazer frente a despesas inesperadas sem recorrer a terceiros ou aos bancos, enquanto 48 3% disseram que isso não é possível. Na faixa entre 18 e 34 anos os porcentuais são de 48,9% e 32,9%, nesta ordem.

Padrão de vida

A pesquisa do BC, da CNDL e do SPC Brasil mostrou ainda que, em caso de dificuldade financeira, o brasileiro conseguiria manter seu padrão de vida por até 5 meses, em média. Entre os entrevistados, 26,5% disseram ser possível manter o padrão por entre 1 e 3 meses, enquanto apenas 9,5% disseram ser possível fazer isso por mais de 12 meses.

No caso de um imprevisto que alterasse a vida financeira - como a diminuição da renda, por exemplo - 46,6% disseram que cortariam despesas e gastos desnecessários. Outros 33,2% fariam um diagnóstico financeiro para, depois, decidir o que fazer.

"É preciso entender que, em certas situações emergenciais, nem mesmo cortar gastos poderá ser suficiente para resolver o problema", avaliou, na pesquisa, o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli. "Constituir uma reserva financeira é fundamental em qualquer etapa da vida, pois imprevistos podem acontecer a qualquer momento. A dica é ter disciplina e fazer um esforço para começar, mesmo que seja com um valor pequeno; basta garantir que essa quantia não atrapalhe a gestão do orçamento mensal e o pagamento das despesas básicas."

Aposentadoria

A pesquisa mostrou ainda que seis em cada dez brasileiros não fazem nenhum preparo para a aposentadoria. Entre as classes C, D e E, a ausência de preparo atinge 62,2% das pessoas. No extrato A e B, o porcentual é de 45,1%. Entre os motivos para a falta de planejamento estão o fato de não sobrar dinheiro no orçamento (35,9%) e o desemprego (18,1%).

Entre os que estão se preparando, 42,1% esperam se sustentar na aposentadoria por meio de investimentos. Outros 36,8% disseram que pretendem continuar a trabalhar, enquanto 34,9% esperam por uma pensão do INSS. Para 15,9%, a renda no fim da vida virá de parentes ou cônjuges.

"Tudo indica que a Previdência passará por mudanças profundas nos próximos anos, já que a condição atual se mostra economicamente insustentável. O governo e a sociedade terão de lidar com a questão, mas, seja qual for o resultado das discussões no Congresso, será cada vez mais difícil contar apenas com a aposentadoria concedida pela União", avaliou economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. "É fundamental começar a pensar numa complementação quando a pessoa ainda é jovem e não apenas quando se aproxima a hora de parar de trabalhar."

A pesquisa foi feita com base em 804 entrevistas com pessoas acima de 18 anos, de todas as classes sociais e Estados. A margem de erro é de 3,5 pontos porcentuais, em um intervalo de confiança de 95%.

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