Ações da Oi passam a ser de altíssimo risco, dizem analistas

Nos últimos 12 meses, as ações ordinárias da empresa perderam mais de 70% do valor, e as preferenciais, 82%

Escrito por Folhapress ,
O pedido de recuperação judicial da operadora de telefonia Oi, na última segunda-feira (20), ampliou os riscos para os acionistas da companhia, principalmente para os pequenos investidores. Isso porque é incerto se a Oi obterá sucesso na sua tentativa de fugir da falência.
 
Segundo analistas, esse investimento já era arriscado e agora passou a ser de altíssimo risco. Até que se chegue a um desfecho, os papéis da Oi ficarão bastante voláteis. Nos últimos 12 meses, as ações ordinárias perderam mais de 70% do valor, e as preferenciais, 82%, por causa dos sucessivos prejuízos e do alto endividamento, que chega a R$ 65,4 bilhões.
 
Para Raphael Figueiredo, analista da Clear Corretora, ficar com os papéis da tele não vale a pena. "O risco de possuir papéis de uma empresa em recuperação judicial é muito elevado, e a alta nos últimos dias pode ser uma oportunidade para se desfazer das ações, que já valem muito pouco", afirma. "É melhor perder dinheiro agora do que depois", complementa.
 
"Não há como prever se a Oi vai conseguir escapar da falência", comenta Rafael Ohmachi, analista da Guide Investimentos. Na avaliação dele, ainda que ocorra agora um aumento de capital da operadora, com a entrada de um novo investidor, há o risco de diluição dos acionistas. "Isso significa, para o investidor, menor participação em dividendos futuros, caso isso aconteça", explica.
 
Perfil
 
Ações de uma empresa nesta situação, diz o analista da Guide, são só para investidores com perfil muito agressivo. "Quem não quer correr riscos deve sair do investimento." O investidor que se sentir prejudicado pela forte desvalorização das ações da operadora deverá esperar para uma eventual ida à Justiça, dizem especialistas.
 
Pela legislação brasileira, o simples fato de a empresa ter pedido recuperação judicial não justifica a abertura de processo pelos acionistas. "Mas, se, durante o processo de recuperação judicial, houver responsabilização dos sócios controladores e administradores por irregularidades, os minoritários podem, sim, recorrer à Justiça", afirma Guilherme Carvalho Monteiro de Andrade, professor de Direito Empresarial do Ibmec/MG.
 
Os acionistas também podem buscar a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão regulador do mercado de capitais, para fazer possíveis reclamações. Conforme dados da BM&FBovespa, a Oi possui 877.099 investidores pessoas físicas, 212.487 pessoas jurídicas e 673 investidores institucionais (como fundos de pensão e entidades de previdência privada). Ao todo, são 675.662.147 ações em circulação no mercado, sendo 76,92% ordinárias e 23,08% preferenciais.
 
Os principais acionistas (Bratel, Bridge, BNDESPar e Blackrock) detêm 33,75% do capital total, e os minoritários, 48,07%. Os outros 18,18% do capital correspondem a ações em tesouraria.
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