Oferta de crédito deve crescer, mas resultado depende de reformas

Pesquisa da Febraban aponta que linhas de financiamento no País podem evoluir 6,8% neste ano, puxadas pelo avanço do crédito livre a pessoas físicas. Para representantes dos bancos, melhora do cenário econômico é crucial

Escrito por Bruno Cabral* , bruno.Cabral@diariodonordeste.com.br
Legenda: Congresso discute tecnologia da informação para instituições financeiras

Mesmo pressionada pela baixa atividade econômica, lenta recuperação de empregos e de produtividade em meio a incertezas políticas, a carteira de crédito dos bancos brasileiros deverá crescer acima do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), as linhas de financiamento no País deverão aumentar 6,8% neste ano, sendo o crédito livre para pessoas físicas o principal responsável pelos bons resultados.

"Apesar do cenário global e nacional, a carteira de crédito pode subir quase 7% neste ano e 11% no próximo", destacou Murilo Portugal Filho, presidente da Febraban, na manhã de ontem, durante o Congresso de Tecnologia da Informação para Instituições Financeiras (Ciab Febraban), que acontece em São Paulo até amanhã (13).

De acordo com a Federação, as perspectivas positivas com relação ao mercado levaram a uma revisão para cima da projeção média para o desempenho da carteira total neste ano, que passou de 6,6% de alta, em abril, para 6,8% em maio. "O bom ritmo de crescimento da carteira de crédito livre, no qual não há direcionamento obrigatório para os recursos, deve se manter até o fim do ano", informou.

Para 2020, a revisão para cima da carteira livre ocorreu no financiamento voltado às pessoas físicas, cuja projeção de crescimento médio avançou de 11,2%, em abril, para 11,8% em maio. A melhora na projeção inclui tanto o aumento no saldo do crédito pessoal (de 10,2% para 11,2%), quanto financiamento de veículos (de 12,5% para 13,2%). Já a projeção média para a carteira total passou de um aumento de 7,7% (abril) para 7,8% (maio).

Oferta estável

Apesar da melhora das expectativas, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, que também participou da abertura do evento, disse que, diante das sucessivas revisões para baixo do PIB, a alta da oferta de crédito não é sustentável e deverá ficar estável.

"Se o País não cresce, a economia não evolui, o emprego não se recupera e a tendência do crédito é andar de lado", disse. "O que estamos procurando fazer no Bradesco é focar nas carteiras com mais probabilidade de expansão que é o crédito consignado, o imobiliário, o pessoal e o financiamento de veículos".

Pessoas jurídicas

Embora tenha ressaltado que não há revisão das expectativas de redução da oferta de crédito pelo banco, Lazari Junior disse que as operações para pessoa jurídica deverão ter um acréscimo fraco no ano. "O primeiro trimestre foi tímido e o segundo também. Crédito não tem como se recuperar se a economia do País não anda. A previsão do PIB está se reduzindo a cada mês que passa; se isso cai, não tem como o crédito se desenvolver".

Para o executivo, o andamento e aprovação das reformas, sobretudo da Previdência, ditarão o comportamento da economia. "Se tivermos a reforma da Previdência, ainda vai pegar um pouco de crescimento no último trimestre do ano, o que já é uma boa notícia. Se isso acontecer, acredito que consiga ter um pouco de recuperação no crédito".

* O repórter viajou a convite da Febraban.

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