O que precisa ser feito para enfrentar a crise

Consumidor já entendeu que a economia abalou o bolso e, agora, precisa repensar o consumo e o padrão de vida

Escrito por Redação ,

Mesmo sem entender exatamente o que levou ao cenário de crise econômica no País, o brasileiro já constatou que essa situação atingiu seu bolso e a rotina, implicando em uma série de mudanças e cortes de gastos. O planejamento financeiro e a redução das despesas para driblar a inflação e os preços altos de serviços básicos, e até para se prevenir das oscilações no mercado de trabalho, tarefa já difícil para muitas famílias, traz consigo ainda outro desafio: o desapego ao padrão de vida - e de consumo - adquirido ao longo dos últimos anos. Mais do que se organizar para sair do limite do endividamento, o consumidor precisa, especialmente neste ano, aceitar que é necessária uma mudança de comportamento.

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Segundo os dados do Perfil de Endividamento do Consumidor de Fortaleza, divulgados na última semana pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE), em abril, o percentual de comprometimento da renda familiar dos consumidores é de 31,8%, superando os 30% ditos como ideal por especialistas.

Já o percentual de consumidores inadimplentes, que são aqueles com contas em atraso por não terem condições de pagar e nem previsão de quando poderão quitar os débitos, segundo o levantamento, é de 6,5% neste mês. Apesar de ter permanecido praticamente estável do ano passado para cá, essa taxa cresceu 54,76% ao longo dos últimos cinco anos, comprovando que os cearenses estão tendo dificuldades para tomar as rédeas das despesas.

Apego material

Orientações financeiras para reverter essa situação não faltam, e vão desde a escolha por marcas mais baratas no supermercado a trocar de casa, buscando um aluguel mais barato. Essa consciência, contudo, está condicionada a uma postura mais madura diante do consumo, como aponta a coordenadora do Núcleo de Educação do Consumidor e Administração Familiar (Educom) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Shandra Aguiar.

"As pessoas se apegam muito aos bens materiais, ao estilo de vida, essa tem que ser a primeira mudança. Nós vivemos nessa sociedade de consumo em que o ser foi substituído pelo ter, mas é preciso entender que se cada um na família fizer um sacrifício pequeno, isso vai se reverter em melhora para todos", argumenta a especialista.

Conversa em família

O diálogo em família ressurge como estratégia de conscientização para os tempos de orçamentos baixos, acrescenta Shandra, contribuindo para a organização das finanças. "Isso deve ser muito bem trabalhado em conjunto, e o diálogo ajuda as pessoas a aceitarem que tem que mudar", aconselha.

Para além dessas mudanças comportamentais, ela indica outras atitudes que podem contribuir para amenizar o aperto financeiro desse período, como a essencial economia de água, luz e telefone. "Outra coisa importante é não se desesperar porque está na crise e acabar, por exemplo, lançando mão de empréstimos que não pode pagar", alerta a professora.

Projeções otimistas

O contexto de crise abre, ainda, espaço para o otimismo, afinal, segundo Shandra, "é preciso aprender que nas piores situações a gente encontra caminhos que nunca antes tinha imaginado". O economista Alex Araújo lança projeções ainda mais esperançosas para o segundo semestre desse ano: "Muita coisa ainda pode dar errado, mas a gente talvez esteja hoje no pior nível da crise. Estamos começando a ver a movimentação de medidas de resolução a tendência é que, ao longo dos próximos meses, a gente comece a ver o cenário mais claro", aponta.

Até lá, contudo, listas, metas e todos os outros métodos de planejamento financeiro terão de entrar, de vez, no dia a dia do brasileiro.

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