Nova ameaça de tarifas dos EUA sobre aço e alumínio preocupa setor

Quase metade das exportações de aço do Ceará vai para os Estados Unidos. Para setor, se medida for confirmada e atingir placas produzidas pela Siderúrgica, haverá impacto imediato nas exportações para os americanos

Escrito por Redação ,
Legenda: Estados Unidos são hoje o principal mercado para o aço produzido no Ceará

O anúncio de que os Estados Unidos vão retomar as tarifas sobre o aço e o alumínio que chegam do Brasil e Argentina caiu como uma bomba no governo brasileiro. Na manhã de ontem, Trump publicou na internet um comentário afirmando que Brasil e Argentina teriam desvalorizado suas moedas e que, por isso, ele aumentaria as tarifas sobre os produtos.

A medida preocupa o setor metalúrgico cearense, uma vez que os Estados Unidos são o principal destino das exportações de aço do Estado, consumindo quase metade do volume enviado ao exterior. Conforme dados do Ministério da Economia, de US$ 911 milhões em aço exportados de janeiro a outubro pelo Ceará, US$ 406 milhões foram para os Estados Unidos. México (US$ 154 milhões) e Coreia do Sul (US$ 98 milhões) são os outros maiores consumidores.

O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará (Simec), Sampaio Filho, aponta que ainda são necessárias mais informações de quais produtos serão taxados.

"Se as placas de aço estiverem entre os produtos, haverá impacto imediato nas exportações para o mercado americano, hoje o principal mercado para o aço cearense", aponta.

A exportação de produtos semimanufaturados, de ferro ou aços - sobretudo das placas produzidas pela Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) - corresponde a 47,6% de todo o volume exportado pelo Ceará entre janeiro a outubro deste ano (US$ 1,9 bilhão).

Reação

Pegos de surpresa, o Planalto e o Itamaraty preparam argumentos para provar a Trump que a desvalorização do real não é proposital.

Segundo membros do Itamaraty, não houve nenhum sinal nos últimos dias de preocupação por parte dos EUA sobre a situação do aço e alumínio importados do Brasil, nem mesmo durante passagem do ministro da Economia, Paulo Guedes, por Washington, na semana passada.

Guedes esteve em reunião com empresários e o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, na segunda-feira (25) e, de acordo com participantes dos encontros, o aço não foi um tema relevante nas conversas. Desde ontem (2), integrantes do governo brasileiro foram escalados para contatar a Casa Branca e o Congresso americano e tentar entender as razões que estimularam a decisão de Trump.

O presidente americano distorceu fatos ao dizer que Brasil e Argentina desvalorizam propositalmente suas moedas para tirar vantagem da alta cotação do dólar - o Banco Central brasileiro interveio para tentar reduzir a desvalorização do real.

A avaliação entre diplomatas brasileiros é que o anúncio de Trump é um novo - e forte - ingrediente que prejudica a imagem de boa relação que o Brasil tenta estabelecer com os Estados Unidos desde a eleição de Bolsonaro.

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