No Ceará, 28% das pessoas que tomam crédito querem quitar dívidas

A proporção de cearenses contraindo empréstimos para pagar contas cresceu três pontos percentuais na comparação com 2018. Outros 36% dos que solicitam crédito no Estado têm a intenção de empreender

Escrito por Redação , negocios@verdesmares.com.br
Legenda: Proteste também analisou todas as tarifas e taxas cobradas pelos bancos
Foto: Foto: Camila Lima

Se não bastassem os altos níveis de endividamento e inadimplência do consumidor, 28% dos cearenses que tomaram crédito o fizeram para pagar dívidas, de acordo com levantamento feito pela fintech Lendico, especializada em empréstimo para a pessoa física. O dado representa um crescimento de três pontos percentuais em relação a abril de 2018, quando a fatia era de 25%. No Nordeste, o percentual chega a 27,65% do total.

De acordo com a fintech, os valores são destinados ao pagamento de fatura do cartão de crédito, de cheque especial, empréstimos e transferência de dívida. Ainda de acordo com a pesquisa, outros 36% que tomaram crédito no Ceará em abril o fizeram para empreender e 16% pediram empréstimos para realizar reformas ou comprar móveis.

"Desde o ano de 2011, quando foram criados artifícios para baixar os juros, o brasileiro foi estimulado a aumentar o consumo. Foram bilhões de reais despejados no mercado para o financiamento de carros, motos, eletrodomésticos ou casa própria. E hoje ainda estamos vendo todo mundo buscando pagar suas dívidas para voltar a ter crédito", diz Paulo Vieira, presidente da Febracis.

Para Vieira, o que se vê é que muitos dos que estão buscando financiamentos para o pagamento de dívidas acabam criando uma "bola de neve". "As famílias querem consumir mas não têm crédito e por isso estão nessa situação", diz. Ele recomenda que, antes de assumir uma nova dívida, o consumidor não pague mais do que 50% do que acredita poder pagar. "O grande erro das pessoas é assumir um percentual 'x' mas na prática não conseguir nem chegar à metade disso", explica.

Segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), a inadimplência no País cresceu 2% em abril, na comparação com igual período do ano passado. O Brasil encerrou o mês com cerca de 62,6 milhões de pessoas negativadas, o que representa mais de 40% da população adulta brasileira.

Educação financeira

Para Reinaldo Domingos, presidente da DSOP Educação Financeira, o alto endividamento é consequência direta da falta de educação financeira do brasileiro e que, com uma economia fraca, a tendência é que a situação se agrave. "Em geral, as pessoas não têm a menor noção do que fazer com o dinheiro que ganham e nem de como gastar esse dinheiro", ele diz. "E a tendência é que esses indicadores se agravem ainda mais".

Domingos recomenda que a pessoa endividada busque combater os motivos que a levaram ao desequilíbrio financeiro. "Ocorre que essas pessoas perderam poder de compra e não conseguem mais suportar os próprios gastos com o que ganham. E, ao contrair outra dívida para quitar as antigas, o desequilíbrio só aumenta. Essas pessoas perderam a possibilidade de realizar sonhos, e já não têm outro propósito a não ser pagar contas", ele diz.

De acordo com a pesquisa da CNDL e SPC Brasil, a maior parte das pendências dos brasileiros (52%) está ligada aos bancos, que envolvem dívidas com cartão de crédito, cheque especial, financiamentos e empréstimos. E em seguida aparecem os segmentos do comércio (17%), de comunicações (12%) e de água e luz, com 10% do total.

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