Mercado Geek deve movimentar até R$ 40 milhões durante as férias

Impulsionado por lançamentos cinematográficos e eventos especializados, como o Sana, o setor de produtos inspirados na cultura pop deverá ter alta de faturamento no Ceará em julho. Estado, porém, ainda tem demanda reprimida

Escrito por Samuel Quintela , samuel.quintela@diariodonordeste.com.br
Legenda: De acordo com o empresário Anderson Catunda, produções novas nas telonas chegam a impulsionar em 25% a venda de alguns quadrinhos
Foto: Foto: Thiago Gadelha

Cadeiras específicas para jogadores de videogames, canecas e camisas de super-heróis e até mesmo chaveiros, pingentes e colares inspirados nas séries mais conhecidas do momento. O mercado Geek é vasto e deverá registrar um aumento de faturamento no mês de julho, no Ceará, podendo chegar a um patamar entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões. A previsão faz parte de uma análise da organização do Sana para o período de férias no Estado, segundo Daniel Braga, um dos diretores do evento, que este ano chega à 19ª edição. Mas a percepção mais geral é que ainda há muito espaço para esse mercado se expandir no Nordeste. 

A estimativa de crescimento é baseada em vários fatores. Um deles é o lançamento de filmes voltados para o público Geek, que viu o mercado crescer a partir dos filmes de super-herói, como o último lançamento sobre o Homem-Aranha. O longa também focou bastante no público adolescente e de jovens adultos, buscando suporte na movimentação das férias escolares nos cinemas locais. 

Outro fator importante e que deve impulsionar o mercado é a própria edição do Sana, que sozinha deverá injetar R$ 10 milhões na economia do Estado. A expectativa otimista leva em consideração não apenas os três dias do festival – marcado para os 12, 13 e 14 de julho –, mas também o período de produção e montagem das estruturas levadas ao Centro de Eventos do Ceará, e o “pós-evento”. 

Ao todo, o Sana deverá gerar mais de 2 mil oportunidades de emprego, com cerca de 200 colaboradores diretos e 2 mil trabalhando indiretamente para promover as atividades programadas para 2019. A expectativa da organização é receber cerca 70 mil pessoas nos três dias de evento. 

Além das questões sazonais, relacionadas às férias, para Daniel Braga, o tamanho do mercado Geek - que oferece uma vasta lista de produtos - e o desenvolvimento econômico do público nerd ao longo dos anos também precisam ser levados em consideração para entender o potencial local da atividade.

“A quantidade de produtos é muito vasta. O ‘catálogo’ vai desde o esporte eletrônico até quadrinhos e jogos. É bem amplo e está se consolidando muito mais, até porque o público que cresceu nesse universo está mais independente e passou a comprar de forma primária, deixando de depender dos pais. As pessoas que conviveram com essa cultura na década de 90 estão empregadas e consomem esses conteúdos avidamente”, disse. 

Presença digital

Um dos pontos que corrobora a análise de Daniel Braga é uma pesquisa da Rakuten Digital Commerce, empresa que oferece um ecossistema de soluções para o e-commerce. Conforme o levantamento, o comportamento do público Geek no comércio digital revela gastos médios, por compra, acima dos registrados em outros setores.

No Brasil, o tíquete médio de quem consome itens da cultura pop é 66,56% superior em relação ao consumidor geral. O público Geek gasta, por transação, R$ 548, enquanto em outros setores o valor médio é de R$ 329. Ao todo, no mundo, por ano, estima-se que o mercado Geek já movimenta mais de R$ 138 bilhões. 

“Sem dúvidas, o segmento Geek está crescendo. Com a popularização multimídia, a tendência é agregar mais clientes colecionadores. Devido ao sucesso do último lançamento dos Vingadores, tivemos uma busca maior por objetos ligados à franquia. Porém, a procura por itens de outros segmentos não diminuiu”, contou Mauricio Zambon, gerente do e-commerce da Iron Studios, primeira empresa brasileira a desenvolver produtos licenciados colecionáveis.

Apelo cinematográfico

Os lançamentos de filmes de super-heróis têm causado impacto em todas as áreas desse setor. Segundo Anderson Catunda, proprietário da Reboot Comic Store, a cada nova produção que chega às telonas, a venda de determinados quadrinhos apresenta um aumento de até 25%. O comportamento deverá ser reproduzido com as HQs do Homem-Aranha, após o lançamento de “Homem-aranha: longe de casa”, do Marvel Studios. 

Em algumas ocasiões, afirma Catunda, a elevação no número de quadrinhos vendidos é ainda maior, como foi o caso da Capitã Marvel. Segundo ele, o apelo feminino, aliado ao longa-metragem da personagem, gerou uma alta de 50% nas vendas das HQs da Capitã. Tudo isso tem impulsionado a loja de Anderson a apresentar um faturamento de R$ 10 mil a R$ 15 mil por semana, nos últimos meses. 

“O comércio de HQs anda bem, apesar de o mercado editorial estar indo um pouco mal. As novidades vão surgindo e a qualidade do material vem melhorando, o que acaba aumentando o preço e isso ajuda. Mas a cultura pop está em alta e sendo popularizada a cada lançamento de novos filmes e séries e outros tipos de conteúdos”, afirmou o dono da Reboot. Os bons resultados fizeram com que Catunda abrisse uma nova loja em Fortaleza. Segundo ele, ainda há uma demanda reprimida no mercado Geek do Estado, que pode ganhar mais espaço com o retorno da atividade econômica nacional.

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