Menos de 25% do valor de dívidas mediadas por cartórios são pagos

No Ceará, segundo dados do Instituto de Estudo de Protestos de Títulos do Brasil, entre dezembro de 2018 e maio de 2019, foram recuperados pouco mais de R$ 253 milhões de todos os débitos encaminhados aos cartórios de protesto

Escrito por Samuel Quintela , samuel.Quintela@diariodonordeste.com.br
Legenda: Estudo do IEPTB foi divulgado ontem (3), no Scopa Platinum Corporate

Menos de um quarto do montante encaminhado por bancos particulares e órgãos públicos aos cartórios de protesto, referentes a dívidas de pessoas físicas e jurídicas, foi recuperado pelo processo de intermediação. Segundo um levantamento do Instituto de Estudo de Protestos de Títulos do Brasil (IEPTB) Secção Ceará, 24,65% do valor protestado retornaram aos credores. A estatística representa o montante de R$ 253 milhões sendo quitado. Os dados foram divulgados ontem (3), durante coletiva no Scopa Platinum Corporate.

O estudo, referente ao período de dezembro de 2018 a maio de 2019, aponta que os 197.228 encaminhamentos de dívida aos cartórios de protesto somaram a quantia de R$ 1,02 bilhão. O dado implica, de fato, uma resolubilidade baixa, mas que foi ressaltada pelo presidente do Instituto, o tabelião Samuel Araripe. Segundo ele, o desempenho é visto pelos cartórios como uma recuperação expressiva, uma vez que representa um aproveitamento de 42,05% do número de pedidos sendo atendidos.

Parte da explicação para o número pouco expressivo reside no fato de que grande parte do total protestado (R$ 670 milhões) vem de dívidas com o poder público. Para este setor, o índice de resolubilidade, no Ceará, é de 14,17%, considerando os valores. Órgãos como a Procuradoria Geral do Estado, o Detran-CE, a Procuradoria Geral de Fortaleza, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e outras 16 procuradorias de municípios no interior foram apontados como protestantes.

Para os bancos particulares, o desempenho é consideravelmente maior, ao se analisar o montante das dívidas. Segundo o IEPTB, 44,49% do valor dos débitos foram recuperados pela intermediação dos cartórios entre dezembro de 2018 e maio deste ano.

Ao todo, foram resgatados R$ 158 milhões referentes às cobranças relacionadas aos bancos. A soma dos pedidos apontou o montante de R$ 355 milhões.

Característica

Para Araripe, a discrepância de resultados foi registrada pela diferença de tempo de existência das dívidas reportadas pelos bancos e pelos órgãos públicos. "Os órgãos públicos têm uma diferença para os bancos porque eles têm dívidas bem mais antigas, o que acaba tornando o processo mais difícil, falando em relação à cobrança. Ainda assim, nós do IEPTB consideramos o resultado como uma recuperação expressiva", explicou.

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