Mais competitivas, térmicas do CE são as primeiras acionadas

Apesar de serem mais competitivas em relação a usinas da mesma natureza, custo é maior que o das hidrelétricas

Escrito por Redação ,
Legenda: Das 24 usinas termelétricas cearenses que compõem a base de dados do ONS, destaque para a Porto Pecém I, UTE Porto Pecém II e CSP
Foto: FOTO: ANTONIO AZEVEDO

Apesar de ser uma fonte de energia mais cara do que a hidrelétrica, a geração termoelétrica tem sido um recurso sempre utilizado de forma complementar no período de maior escassez hídrica. O Ceará, detentor de 24 usinas, sendo três delas de maior porte, tem sido um dos primeiros a produzir essa energia e lançá-la no Sistema Interligado Nacional (SIN), os chamados despachos, por determinação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

"Como nós temos térmicas com um custo de produção mais baixo, sobretudo as duas a carvão, elas são as primeiras a serem acionadas", aponta Jurandir Picanço, consultor de Energia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) e presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis do Estado. "Embora as térmicas sejam normalmente mais caras que as hidrelétricas, as do Ceará têm o preço baixo e, por isso, elas estão funcionando quase sempre. Mas temos outras com geração a gás natural e a diesel, de pequeno porte e não têm grande relevância no volume total", explica.

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Das 24 usinas cearenses que compõem a base de dados do ONS, apenas seis contribuíram para o Sistema Interligado Nacional (SIN) neste ano, sendo as maiores geradoras a Porto Pecém I, com 593 MWmédio; UTE Porto Pecém II, com 241 MWmédio; CSP (154 MWmédio); Fortaleza (111 MWmédio); e Maracanaú I (4 MWmédio).

Menos chuvas

Após o período chuvoso no País, que tem predominância entre os meses de novembro e maio, o nível dos reservatórios das hidrelétricas já começa a diminuir e as usinas passam a ser acionadas mais vezes. Em abril deste ano, quando os reservatórios localizados nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, que são os maiores geradores de energia hidráulica do Brasil, estavam no maior nível registrado no ano, com 44% da capacidade, as térmicas respondiam por cerca de 9% da produção do País.

Agora, no último dia 3 de setembro, a geração termelétrica foi responsável por 21% do total produzido no Brasil. No mesmo período, a participação da geração hidrelétrica no País caiu de 80% do total, no mês de abril, para 65%, em setembro.

Participação de 5,2%

Apesar do aumento da demanda pelas térmicas, o Estado do Ceará, que é responsável por 5,2% dessa matriz, com o total de 2,152 GW de potência instalada, manteve sua geração praticamente constante ao longo do ano, com a geração mensal de aproximadamente 1.000 MW médio. Se no mês de abril o Estado respondia por quase 11% da produção térmica do País, no último domingo essa participação era de 7%.

Sobre o impacto do nível dos reservatórios na operação das térmicas, Picanço diz que a tendência é que em novembro o volume comece a se recuperar.

"Ocorre que, neste ano, o período chuvoso afetou o Sudeste, onde está a maior capacidade de geração hidrelétrica. E o São Francisco está trabalhando com uma baixa vazão, de modo que nunca a produção hidrelétrica no Nordeste foi tão baixa", diz o consultor. "Se o ONS tivesse previsto que teríamos um baixo índice pluviométrico, talvez nós pudéssemos ter contratado mais eólicas", acrescenta.

Armazenamento de água

Desde abril, o nível dos reservatórios no Sudeste e Centro Oeste vêm diminuindo, passando de 44% para os atuais 28%. No mesmo período do ano passado, o nível nas regiões era de 31%.

Já no Nordeste, os reservatórios das usinas hidrelétricas - que atingiram o maior patamar em abril, com 41% - estão, hoje, com 31% da capacidade máxima. O volume deste ano, no entanto, é significativamente superior ao registrado em setembro do ano passado, quando estavam a apenas 12%.

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