Maior participação do Ceará no PIB nacional pode levar décadas

Segundo economista do Ipece, apesar de o Estado ter crescido mais que a média do País no 3º trimestre, ainda é necessário atrair mais atividades que gerem produtos de valor agregado. Governo estaria no caminho certo

Escrito por Samuel Quintela , samuel.quintela@diariodonordeste.com.br

O Ceará terá uma longa jornada para elevar a participação no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, atualmente na faixa de 2,21% do total do País, mas as medidas tomadas pelo Governo do Estado para o desenvolvimento econômico local estão na direção correta. A afirmação é do economista e coordenador de contas regionais do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Nicolino Trompieri Neto.

A perspectiva foi dada durante a apresentação do resultado do PIB do Ceará relativo ao terceiro trimestre de 2018, realizada, na tarde de ontem (20), na sede do Ipece. De acordo com o estudo divulgado pela instituição, a economia cearense cresceu 1,48% no terceiro trimestre deste ano, ante igual período de 2017, e ficou um pouco acima do resultado nacional.

No mesmo intervalo de comparação, o PIB brasileiro teve alta de 1,3%. Contudo, segundo Trompieri, o Estado ainda precisa impulsionar a produção de itens de maior valor agregado, caso queira ser responsável por uma fatia maior da geração de riquezas do País. Essa mudança de perfil passaria pela atração de novas indústrias e investimentos na educação para que haja evolução da capacidade de pessoal.

Porém, o panorama hoje é um pouco diferente. Atualmente, o setor de serviços corresponde a 76,10% do PIB cearense, enquanto a indústria é responsável por 19,20%. Os outros 4,70% vêm da agropecuária. Os dados, referentes ao ano de 2016, são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar do alinhamento atual, Trompieri acredita que o Governo do Estado tem agido no caminho certo para dar mais força à economia local frente a outros polos pelo País. Ele mencionou o esforço na atração de empresas estrangeiras investindo no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) S.A., e até mesmo a parceria entre o Porto do Pecém e o de Roterdã. Essas iniciativas poderão ser fundamentais para mudar o perfil de geração de riquezas e de exportações do Estado.

Impulsão

"A gente tem observado que estamos no caminho certo, com o crescimento que temos visto no CIPP, por exemplo. A chegada da siderúrgica foi de grande impacto para gente, porque está gerando um aumento de exportações muito rápido, em que 45% do total exportado, hoje, já é devido às placas metálicas", afirmou Trompieri. "A tendência é que essa siderurgia traga outras indústrias dessa cadeia, mas precisamos de um médio prazo para ver essa atração se concretizando", completou o coordenador.

O economista do Ipece ainda comentou sobre como as melhorias nas condições de logística no Porto do Pecém e na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, geradas a partir da parceria com o Porto de Roterdã, também podem ajudar a atração de novas indústrias ao Estado.

"Outro ponto importante é a ZPE, a parceria do Pecém com o Porto de Roterdã, que também deverá trazer novas indústrias, com uma logística melhor, e ainda temos a busca do Governo por uma refinaria, negociando com investidores da China", disse Trompieri. "Temos agido no caminho certo para elevar a participação do PIB do Ceará, mas é um processo que deve levar algumas décadas", ponderou.

Resultado

Na última quinta (20), o Ipece apresentou o resultado do PIB do Estado para o terceiro trimestre de 2018, confirmando um crescimento maior do que a média nacional. Os principais destaques do estudo ficaram para a agropecuária, que apresentou um crescimento de 12,48% ante igual período do ano anterior, e os serviços, com alta de 1,48%.

Segundos os analistas do Ipece, a produção de milho, com alta de 29% e de mandioca (27%), foram os mais relevantes para o resultado da agropecuária. Já o resultado do comércio teria sido puxado pela venda de veículos, que acumula alta de 7% em 2018. A indústria, por outro lado, ficou praticamente estável, com uma leve redução de 0,05%. Mas a extrativa mineral cresceu 8,14% no período.

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