Interiorização é tendência para setor de franquias no Ceará

Regiões como o Cariri e o município de Sobral despontam na descentralização desses negócios no Estado. Especialistas detalham as principais estratégias para se tornar franqueador e franqueado e aproveitar oportunidades

Escrito por Ingrid Coelho , ingrid.rodrigues@diariodonordeste.com.br

O desenvolvimento de centros de compras fora de Fortaleza e da Região Metropolitana deverá ser responsável por intensas mudanças na configuração do setor de franquias no Estado. A interiorização desse tipo de negócio é uma das principais tendências para o franchising no Nordeste – e o Ceará, juntamente com a Bahia, deve compor a linha de frente desse movimento.

. Mais da metade das franquias no Ceará é de alimentação ou beleza

A avaliação é do diretor da Associação Brasileira de Franquias (ABF) para o Nordeste, Leonardo Lamartine. A expansão da atividade econômica a grandes centros econômicos do interior como Sobral, por exemplo, além de toda a região que compreende o Cariri, aponta para um futuro promissor para as franquias se instalarem nessas cidades.

“A gente tem percebido mudanças no próprio comportamento cultural. Havia a demanda, mas não tinha a oferta. Hoje, dificilmente se vê alguém deixando o interior para consumir na Capital ou nas grandes cidades”, detalha o diretor regional da ABF.

Apesar da interiorização ser considerada uma das principais vias de crescimento para o setor no Estado, Lamartine acredita que ainda há espaço para a expansão do franchising nos centros de compras da Capital cearense. “Se você olhar o mercado em São Paulo, por exemplo, há uma certa saturação, não só de marcas oferecendo unidades de franquias no mercado, mas de espaços comerciais, de shoppings. Existem empreendimentos em que 100% das lojas são franquias. No Nordeste, esse índice é mais baixo”, explica.

Diante dessas possibilidades, o setor de franquias pode se tornar uma opção de investimento atraente, mas antes de assinar o contrato com uma rede, Leonardo Lamartine orienta que o franqueado reflita sobre o segmento no qual quer ingressar. Além de gostar do produto ou serviço oferecido pela marca pretendida, é necessário se imaginar participando de todos os processos, até a chegada ao consumidor final.

Formas de agir

Apesar do franchising em tese proporcionar ao franqueado um modelo de negócio pré-estabelecido, com uma marca já consolidada e suporte do franqueador, Lamartine alerta que, assim como em toda empresa, há riscos. E eles devem ser avaliados.

“Quando o possível franqueado escolhe a marca e conversa com o franqueador, ele recebe a Circular de Oferta de Franquia, com todas as informações do negócio: quanto ele precisa investir, qual é a dedicação de tempo que ele vai ter para aquele negócio, quais são os riscos e conversar com outros franqueados”, explica o diretor regional da ABF.

De acordo com ele, no documento estão os contatos dos atuais franqueados da marca em questão e também dos ex-franqueados. “É um passo que muita gente esquece. O interessado deve entrar em contato também com os ex-franqueados. A partir disso, ele vai ter um termômetro”, diz. Algumas franqueadoras possibilitam ao candidato efetuar uma espécie de “test drive” do negócio, acompanhando o dia de uma ou mais unidades franqueadas da rede. De acordo com a ABF, é uma oportunidade valiosa para validar a escolha do possível franqueado.

Caso o candidato seja aprovado pela franqueadora, ainda não é hora de partir para o contrato. Antes dar um novo passo no processo, a associação orienta ainda buscar auxílio de um advogado especializado na área de franquias para orientar sobre a Circular de Oferta e o contrato, ou ainda pré-contrato, se houver.
Franqueado

Consultor empresarial na área, Heitor Viana também vê espaço para o desenvolvimento do setor de franquias no Estado e acredita no potencial do interior do Ceará. Além disso, ele também destaca as oportunidades para o surgimento de novas redes franqueadoras, com forte identidade local e possibilidade de sucesso no mercado.

De acordo com a ABF, o número de redes passou de 276 no primeiro trimestre de 2018 para 341 nos três primeiros meses deste ano, um crescimento de 24%. Para aproveitar a maré, ele explica que o negócio deve ter processos bem definidos e uma marca robusta. “Não existe receita de bolo a ser seguida. Ele deve procurar orientação e formatar seu próprio modelo de negócio”, ressalta.

Na avaliação da diretora de capacitação da ABF, Fabiana Estrela, o possível franqueador deve refletir sobre como o canal franchising deve agregar ao negócio. “Se pensa muito no perfil do franqueado, mas é preciso pensar também no franqueador. Ele deve pensar se o negócio é escalonável e se tem condições de ser padronizado, para que, de certa forma, a marca tenha uma identidade, independentemente do lugar onde ela está”, frisa Fabiana.

Outra característica fundamental ao sucesso de uma franquia é o bom relacionamento e comunicação, com fornecedores e franqueados, conforme avalia a diretora de capacitação da Associação Brasileira de Franquias. “Quem quer se tornar franqueador precisa ter isso em seu DNA: gostar de gente, de se relacionar. Franchising é relacionamento. Com isso, são construídas confiança, engajamento e estimulo para o franqueado fazer com a marca melhor do que o franqueador faria”.

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