Governo do Estado planeja atrair duas novas termelétricas

Com uma matriz majoritariamente abastecida por energia térmica, segundo dados da Aneel, especialistas discordam do planejamento, afirmando que seria preciso explorar mais opções relacionadas às fontes renováveis

Escrito por Samuel Quintela , samuel.quintela@diariodonordeste.com.br
Legenda: Governo do Estado quer atrair investimentos para a instalação de mais 2 térmicas no Ceará
Foto: Foto: Antônio Azevedo

O presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE) defendeu, na última segunda-feira (12), o leilão para instalação de novas usinas térmicas para a geração de energia no Nordeste, gerando a possibilidade do Ceará ser beneficiado com novos investimentos. No entanto, a implantação de novos empreendimentos não agrada especialistas cearenses, que defenderam um projeto para elevar a exploração do potencial da matriz renovável.

O Governo do Estado, por sua vez, encara a situação como uma possibilidade para impulsionar o desenvolvimento de um mercado de gás natural a partir de novas usinas, que poderiam ser instaladas no Porto do Pecém. De acordo com o secretário adjunto de Energia, Mineração e Telecomunicações da Secretaria da Infraestrutura do Estado (Seinfra), Adão Linhares, o Governo estaria planejando atrair investimentos para pelo menos duas usinas térmicas caso o novo leilão seja aplicado.

Cada uma teria a capacidade de 1 gigawatt de potência. Com os novos equipamentos, o Estado poderia fomentar o desenvolvimento do mercado de gás natural e impulsionar outros setores da economia, como a Indústria, em regiões estratégicas.

Mercado de gás

"Conseguir novas usinas é estratégico para fazer do Estado um grande polo de entrada de gás natural. Se conseguirmos colocar duas térmicas no Pecém, e garantir um fluxo de gás natural, seria tudo o que a gente precisava para ter um hub de gás natural como vetor de desenvolvimento", explicou Linhares.

Segundo o secretário adjunto da Seinfra, além dos programas de incentivo fiscal oferecidos, o Governo pretende utilizar o potencial de logística do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) para atrair empresas que desejem investir nas novas usinas térmicas. "Vamos trabalhar para que a gente tenha um grande mercado de gás no Ceará, a partir do CIPP. O planejamento estratégico com as térmicas seria o batente e poderíamos transferir esse insumo para o Interior dando força para a Cegás e a Indústria em cidades como Sobral, por exemplo", defendeu Adão.

Contraponto

Contudo, especialistas cearenses defendem que a atração dessas térmicas não deveria ser prioridade para o Estado. Para João Mamede, consultor de projetos elétricos, os empreendimentos na matriz de geração de energia renovável (eólica e solar) deveriam receber mais investimentos, para que todo o potencial de energia limpa possa ser explorado.

"O sistema térmico tem de ter uma perspectiva de base, para quando faltar água para as hidrelétricas, por exemplo. Mas na minha perspectiva não deve ser abandonado os sistemas renováveis aqui no Ceará", ponderou.

Mamede, contudo, não desconsidera os benefícios da possível chegada dos novos empreendimentos. "As novas térmicas poderiam valer como empreendimento industrial no Estado, gerando empregos, mas esse sistema tem de ser pensado apenas como suporte do abastecimento energético quando as outras fontes falharem", disse.

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