Gol e Governo do CE aguardam decisão da Boeing para retomar voos diretos para os EUA; empresa vende

Consumidor que comprar passagens hoje, saindo de Fortaleza a partir de maio, não é informado pela empresa que terá duas paradas até seu destino final

Escrito por Hugo Renan do Nascimento , hugo.renan@diariodonordeste.com.br
Legenda: Voo direto partia diariamente de Fortaleza para Orlando e desde o dia 11 de março está suspenso
Foto: FOTO: THIAGO GADELHA

A suspensão temporária dos voos diretos entre Fortaleza e Flórida (Miami e Orlando), da Gol Linhas Aéreas, não está sendo discutida, até o momento, com o Governo do Estado. Segundo o secretário do Turismo (Setur), Arialdo Pinho, tanto a empresa quanto o Poder Estadual aguardam definição da Boeing em relação ao uso do 737 Max.

No entanto, a companhia continua comercializando passagens com o modelo de aeronave nos voos para os Estados Unidos. Em pesquisa realizada ontem (24), diretamente no site da Gol, a reportagem encontrou bilhetes disponíveis para voar no 737 Max, entre a Capital cearense e as cidades norte-americanas, a partir do mês de maio. A empresa informou que não tem prazo definido para a volta do Max. Enquanto as operações seguem suspensas, a companhia está reacomodando os passageiros, em conexões em Brasília.

Da Capital Federal, os clientes voam até Punta Cana, para uma parada técnica de cerca de 45 minutos. Os voos diretos de Fortaleza para Miami ou Orlando têm duração média de 7 horas. Com a conexão no Distrito Federal e a escala para reabastecimento, os voos chegam a durar 12 horas. "Eu vou voltar nesse voo da Gol por Brasília com a minha família no fim do mês e não vejo problema com isso", diz o secretário Arialdo, que está de férias em Orlando.

Consumidores

Os viajantes precisam ficar atentos aos direitos dos consumidores nestes casos. O presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), Thiago Fujita, alerta que na situação de cancelamentos de voos as pessoas podem pedir reembolso integral do valor pago à companhia.

"A Agência Nacional de Aviação Civil tem uma resolução que trata dessa questão de cancelamento. Eu acredito que a Gol tenha comunicado os passageiros com pelo menos 72 horas de antecedência do voo. A resolução da Anac tem, no artigo 12, que neste caso, se houver diferença do horário de chegada de um hora para voo internacional, a empresa deve oferecer como uma das alternativas a reacomodação ou o reembolso integral", explica.

A Gol já está oferecendo a opção de reacomodar os passageiros em voos com conexão em Brasília. Cabem aos passageiros decidirem pela opção de reembolso integral. "A possibilidade de se discutir na Justiça os danos materiais existe também. Obviamente é preciso ter as provas, os comprovantes ou despesas de hospedagem. Se o consumidor entender que essa mudança de voo e a nova acomodação não é interessante, a primeira medida é pedir o reembolso integral nas condições da Anac. Ou se ele quiser mesmo assim fazer a viagem, ele precisa ter todos os comprovantes de prejuízos materiais", observa.

Fujita também explica que caso a companhia negue o reembolso integral a recomendação é fazer uma reclamação perante à Anac. "A minha outra orientação é que diante de alguma dúvida o consumidor busque informações juntos aos órgãos de defesa ou ainda procurem a Anac. Com a desinformação fica difícil o exercício do direito. Às vezes o consumidor ignora. Não se conformar porque quando isso ocorre os fornecedores acabam se aproveitando desse não exercício do direito".

Trajeto

A Gol informou que está realocando os passageiros em um voo para a Brasília, que sai de Fortaleza, às 6h05 com chegada na Capital federal às 8h45. De lá, um avião modelo 737-800NG decola às 9h50 e chega em Punta Cana às 14h55. A parada, no qual os usuários não precisam trocar de aeronave, dura até às 15h40, quando o voo segue para Orlando com pouso estimado para as 18h45. O igual trajeto é feito para Miami, com a diferença que o voo parte de Brasília às 10h e chega na cidade norte-americana às 18h35.

No retorno ao Brasil, os passageiros decolam de Orlando às 21h50 e chegam às 12h25 em Fortaleza.

Software

Os reguladores de segurança aérea dos EUA aprovaram provisoriamente o software de varredura e as mudanças de treinamento para os jatos 737 Max, com o objetivo de consertar problemas com um sistema de controle de voo que está sob suspeita. As extensas revisões tornarão o recurso automatizado de prevenção de perda de controle da aeronave menos agressivo e mais controlável pelos pilotos. O treinamento destaca informações sobre quando o sistema se conecta e como os pilotos podem desligá-lo.

Max: 2 acidentes e muitas dúvidas

O modelo Boeing 737 Max esteve envolvido em dois acidentes nos últimos cinco meses. A tragédia na Etiópia matou 157 pessoas. Outro, em outubro, deixou 189 mortos na Indonésia.

A Boeing disse que está trabalhando com a Autoridade de Aviação dos EUA (FAA) desde o acidente na Indonésia para melhorar o software de controle, e que a atualização deve ser entregue nas próximas semanas. O Max é a quarta geração do Boeing 737, que foi lançado em 1967 e se tornou o avião comercial mais vendido do mundo.

O modelo é oferecido em quatro tamanhos, 7, 8, 9 e 10. Na comparação com as versões anteriores, o Max tem motores maiores, automação de mais itens e capacidade de voar distâncias maiores. O avião também gasta 13% menos combustível na comparação com outras aeronaves atuais de porte similar.

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