Geração de empregos no Estado deve continuar nos próximos meses

Economista pondera que, com as mudanças implementadas pela reforma trabalhista, tendência é que trabalhadores desempregados aceitem oportunidades com salários menores e jornadas maiores

Escrito por Redação ,

O mercado de trabalho cearense vai encerrar o ano de 2018 em uma situação bem melhor que a de 2017. Até o mês de novembro, 28,5 mil postos de trabalho já foram gerados no Estado, enquanto o ano passado terminou com um saldo de 2,1 mil empregos formais encerrados, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

A tendência, segundo o economista do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Ediran Teixeira, é que o crescimento do número de empregados formais continue em dezembro e em janeiro. Ele observa, porém, que por conta das mudanças proporcionadas pela reforma trabalhista, as novas vagas virão com um peso diferente para os trabalhadores.

"O volume de desempregados no País e no Estado, que ainda é muito alto, faz com que os trabalhadores aceitem empregos com salários menores e jornadas maiores. Há essa diferença", aponta Teixeira. Ele destaca que o mês de dezembro deve continuar com saldo positivo de empregos, podendo se estender até janeiro por conta do período escolar para o comércio e da alta estação para os segmentos do setor de serviços ligados ao turismo.

Crescimento gradativo

Conforme o levantamento do Caged, foram criadas no Estado 2.149 postos de trabalho em novembro, uma queda de 21,3% frente a igual mês de 2017 (2.861). Embora o Ceará tenha criado menos vagas no período, Teixeira argumenta que a geração de postos de trabalho aconteceu de forma constante ao longo deste ano, diferentemente de 2017, quando houve um pico de contratações no mês por conta da preparação do comércio para as vendas do fim do ano.

Como é natural da sazonalidade, comércio e serviços puxaram a geração de empregos no Estado em novembro, com a criação de 2.654 e 947 novos postos de trabalho formais, respectivamente. A indústria terminou com saldo positivo de 361 oportunidades de trabalho a mais.

A construção civil, por outro lado, foi o setor que mais cortou vagas no mês. "Esse é um indicador não só relativo ao emprego, mas ao crescimento econômico", aponta o economista.

Ele destaca que há muito tempo o setor está paralisado em todo o País, em reflexo à crise econômica, e defende ser necessário que o poder público elabore políticas para estimular a retomada do crescimento do setor e, em consequência, a do País.

"A construção impulsiona o crescimento. O Estado, que está com as contas mais equilibradas, tem conseguido investir na construção de estradas e viadutos, mas, no País, não tem sido suficiente para alavancar as empresas do setor", aponta. "É preciso que os empregos venham para que os trabalhadores possam voltar a financiar a casa própria".

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