Gargalos logísticos emperram economia do mar no Ceará

O Estado perdeu espaço em segmentos do setor por conta de entraves nos portos, segundo pesquisadora

Escrito por Redação ,
Legenda: Mesmo com dificuldades nos portos, a exportação de pescado no Ceará é a 2ª maior do País
Foto: Cid Barbosa

Destaque nacional nos setores produtivos que envolvem o mar, como a pesca, o Ceará precisa ainda sanar alguns gargalos - principalmente logísticos - para desenvolver mais os potenciais de diversos segmentos, segundo estudo da pesquisadora Leila Andrade, da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).

"O Ceará tem o potencial econômico para o setor de economia do mar muito expressivo, mas são atividades que precisam de mais investimento, de gestores a nível de Governo com um olhar mais aprofundado", afirma Leila, que participou, ontem (8), do encerramento da III Semana do Mar, em Fortaleza.

Problemáticas

No evento, que contou com a presença de entidades do segmento e produtores locais, a pesquisadora apresentou um programa de desenvolvimento pela indústria com os principais projetos e estratégias para melhorias do setor de economia do mar, através de um relatório, feito pela Fiec, e o programa Master Plan, no qual foram sugeridos planos de aperfeiçoamento dos terminais marítimos.

"Esse estudo foi feito pelas empresas que utilizam o serviço portuário. E eles apontaram alguns entraves que, se solucionados, podem melhorar o desempenho econômico. Alguns já foram viabilizados, como a dragagem do Porto do Mucuripe, que ampliou o acesso de embarcações maiores", exemplifica, citando o desenvolvimento do porto instalado em Fortaleza.

Ainda conforme Leila Andrade, um dos pontos abordados seria a implantação de sistema logístico para embarque e escoamento de cargas das embarcações nos portos, o que deixaria o fluxo mais dinâmico e rápido.

Melhorias

"Alguns pontos foram apontados pelas empresas como pertinentes, com melhorias mais imediatas na estrutura de armazenagem das cargas, ampliação do acesso rodoviário no deslocamento das mercadorias até a chegada no Porto do Pecém, que precisam de melhorias mais imediatas", explica a pesquisadora sobre o planejamento. As empresas ouvidas no levantamento da Fiec sugerem a ampliação de linhas de financiamento da infraestrutura portuária e de serviços marítimos, bem como a ampliação de acesso de atracação de navios de grande porte no Porto do Mucuripe, o que melhoraria as condições de infraestrutura e logística para diversos segmentos.

A pesquisadora ainda observa que a eficácia dos aspectos mencionados só poderá ser efetivada com o controle integrado dos processos e a transparência de informações das embarcações e integrações dos portos.

Pescado

Com o desempenho diretamente influenciado pelos pontos citados por Leila Andrade, o comércio de pescados cearense obteve um superávit no valor de US$ 13,3 milhões - apesar das dificuldades -, entre os meses de janeiro e abril de 2019, segundo dados apurados pelo Centro Internacional de Negócios da Fiec. O crescimento foi de 123,7% em relação a igual período de 2018.

Alguns produtos como lagostas e congelados foram os de maior destaque na balança comercial, exportando para países como Estados Unidos, China e Guatemala. Em relação às importações cearenses, os números indicam uma queda de 62% em 2019 ante 2018. No ano passado, foram US$ 1.993.199, já neste ano foram US$ 757.150.

Os produtos mais comprados do exterior são a sardinha, embora a cavalinha tenha sido uma das mercadorias que obteve uma leve alta nas importações (2,8%). Os países que mais venderam esses produtos foram Marrocos, Chile e Noruega.

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