Fortaleza é a segunda cidade do Nordeste em compras online

Segundo levantamento da Camara-e.Net, entre janeiro e agosto de 2019, o faturamento gerado por produtos adquiridos pela internet, na Capital, foi de R$ 436 milhões, ficando atrás apenas de Salvador (R$ 635 milhões)

Escrito por Samuel Quintela , samuel.quintela@svm.com.br
Legenda: O público masculino foi o indicado como maioria nas compras online em Fortaleza, acumulando em 55% do total. As mulheres foram 45%
Foto: Foto: Helene Santos

A economia cearense vem ganhando destaque em diversas aéreas, e no comércio eletrônico não foi diferente. Fortaleza foi apontada como a segunda capital do Nordeste com maior faturamento para o e-commerce entre os meses de janeiro e agosto de 2019, segundo pesquisa da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Camara-e.Net), com R$ 436 milhões. No período analisado, a Capital ficou atrás apenas de Salvador (BA), mas acabou concentrando pouco mais da metade de todos as compras online do Ceará no período.

Ao todo, o Camara-e.Net registrou 905 mil pedidos realizados por consumidores em Fortaleza, gerando um tíquete médio de R$ 482 por compra. Apesar do resultado expressivo, a capital cearense apresentou um valor menor do que Salvador, que teve um faturamento de R$ 635 milhões. Recife aparece no terceiro posto, com R$ 393 milhões. João Pessoa (R$ 212 milhões), Maceió (R$ 184 milhões), Natal (R$ 179 milhões), São Luís (R$ 173 milhões), Aracaju (R$ 142 milhões), Teresina (R$ 137 milhões) completam a lista.

O estudo ainda apontou que mais de 50% das compras feitas em todo o Ceará foram registradas em Fortaleza. Para Felipe Brandão, secretário executivo da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, essa concentração representa apenas o modelo econômico brasileiro, que acaba concentrando a atividade e os negócios de cada estado nas principais cidades, com foco nas capitais.

Com um nível mais elevado de atividade econômica em Fortaleza, as empresas acabam se concentrando ali, assim como a maior parte dos clientes com acesso aos meios de compra digital. Além disso, Brandão destacou que a infraestrutura de logística no Ceará, assim como em outros estados do Nordeste, acaba dificultando a entregas no Interior.

"A gente tem visto muito crescimento no Nordeste como um todo. No Sudeste, a gente tem uma presença forte já dessa cultura, mas o Nordeste tem evoluído bastante. O desenvolvimento de tecnologias de frete e de produtos tem facilitado a aproximação de regiões mais afastadas do Nordeste ao e-commerce, mas, é claro, nosso país tem uma extensão territorial muito grande, e muitas empresas ainda tem dificuldades em levar os produtos para o Interior", explicou Brandão.

Perfil

O levantamento da Camara-e.Net também apontou que Fortaleza apresentou pontos de singularidade em relação à média nacional. Segundo a pesquisa, os homens foram maioria no número de pedidos registrados na capital cearense, com 55% do total. As mulheres acabaram acumulando 45% das compras, fato que, de acordo com Brandão, apesar de surpreender, não representa uma variação muito grande. O destaque não teria uma razão específica, pois a diferença entre outras cidades analisadas "não é tão grande assim".

"Fortaleza é realmente diferente em relação ao cenário nacional, onde o maior público é feminino, mas é a diferença não é tão significante assim. Em outras cidades, as mulheres ficam com pouco mais de 50%", explicou.

Apesar dessa variação em relação ao gênero, no quesito faixa etária Fortaleza apresentou um perfil semelhante ao resto do Brasil, com os jovens (de 18 a 35 anos) acumulando mais da metade dos pedidos (55%). A pesquisa ainda apontou a principal faixa de consumo sendo os jovens entre 26 e 35 anos (36%). Os adultos entre 36 e 50 anos aparecem logo em seguida, com 31%. As pessoas acima de 51 anos somaram 12% das compras online em Fortaleza, enquanto a média de idade ficou em 36 anos.

Preferências

Considerando o volume de pedidos efetuados em Fortaleza, os itens de moda e acessórios apareceram como a grande preferência dos consumidores, representando 15,6% de todas as compras. Os produtos de entretenimento aparecem logo em seguida, com 10,4%. Telefonia (9,4%); beleza, perfumaria e saúde (8%); e informática e câmeras (6%) completam a lista divulgada pela pesquisa.

Porém, quando a análise é feita sobre o faturamento, os itens de telefonia aparecem como as principais compras, acumulando 24,6% do valor total. Informática e câmeras (11,9%) e eletrodomésticos e ventilação (11,1%) vêm logo em seguida. Os itens de entretenimento (9,7%) e moda e acessórios (73,%) completam o ranking.

A diferença entre categorias, segundo Brandão, se dá pelo valor agregado dos produtos de informática ou telefonia. "Moda vende muito, mas tem um valor menor", explicou.

O Nordeste foi apontado como tendo o maior crescimento percentual para o faturamento no comércio eletrônico entre janeiro de 2018 e agosto de 2019. Segundo a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.Net), a evolução no período foi de 93,89%. Na sequência, apareceram as regiões Centro-Oeste (84,01%), Sul (80,56%), Sudeste (76,08%) e, por último, o Norte com 66,18%.

Já no acumulado do ano (janeiro de 2019 a agosto de 2019), a variação foi de 28,37% para o faturamento no Nordeste.

Nordeste tem alta de 93% em faturamento

Os dados, que integram índice MCC-ENET, ainda apontam que o Nordeste teve, também, a maior alta considerando o número de pedidos durante o período analisado. As compras online, na Região, cresceram 87,85% nos últimos 20 meses. Centro-Oeste (77,37%); Sul (75,85)%, Norte (62,23%) e, em último lugar, Sudeste com 61,37%, completam o ranking de pedidos.

Contudo, a Camara-e.Net ponderou que não estão contabilizados no MCC-ENET os dados dos sites MercadoLivre, OLX e Webmotors, além do setor de viagens e turismo, anúncios e aplicativos de transportes e alimentação, pois ainda não são monitorados pelo Compre & Confie, parceiro na realização do estudo.

A expectativa é de que, com dados concretos divulgados periodicamente, o índice possa motivar o surgimento de políticas públicas para o setor, segundo André Dias, coordenador do Comitê de Métricas da Camara-e.Net e diretor executivo do Compre & Confie.

"No Brasil existem algumas empresas que divulgam informações sobre o comércio eletrônico, porém não existiam indicadores econômicos oficiais com dados e metodologia confiável para o setor no Brasil. A pesquisa vem para acompanharmos de perto a evolução do comércio eletrônico", disse Dias.

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