Financiamento de imóveis recua em janeiro; volume de recursos cresce

Preço maior das unidades comercializadas no Estado garantiu ganhos ao setor, mas baixa na quantidade reflete retomada em ritmo mais lento

Escrito por Redação ,

O volume dos financiamentos para compra e construção de imóveis no Ceará somou R$ 102 milhões em janeiro, o que representou um crescimento de 11,7% na comparação com o primeiro mês de 2018 (R$ 91,3 milhões) e alta de 0,7% em relação a dezembro de 2017 (R$ 101,3 milhões).

Porém, o número de unidades financiadas caiu 3,9% em 12 meses, passando de 429, em janeiro de 2018, para 412 em igual mês deste ano, o que, inicialmente, indica um aumento no preço médio dos financiamentos.

"Não foi o valor dos imóveis que aumentou, mas a cota do financiamento. E isso preocupa a gente porque vai na contramão do déficit habitacional brasileiro, que está concentrado nas camadas de baixa renda", observa o empresário José Carlos Gama, vice-presidente da área imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE).

De acordo com ele, a alta do valor dos financiamentos vista no Ceará no primeiro mês do ano reflete, na verdade, a preferência das instituições financeiras por clientes que podem oferecer mais garantias de pagamento do imóvel, reduzindo o risco de inadimplência.

Em janeiro do ano passado, o financiamento por unidade era de R$ 212,8 mil, e no primeiro mês deste ano o valor por unidade passou para R$ 247,7 mil, o que representa um acréscimo de 16,4% em um ano.

Recuperação mais lenta

Os dados analisados por Gama foram divulgados esta semana pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e consideram os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).

Assim como ocorreu no acumulado de 2018, o desempenho dos financiamentos no Ceará em janeiro ficou abaixo da média nacional tanto no volume de recursos como no número de unidades.

Para vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon-CE, o resultado observado deriva de uma recuperação econômica mais lenta entre os estados do Nordeste em comparação com os do Sul e Sudeste, que puxaram o resultado nacional.

"A gente sabe que a crise no Sudeste, em particular no Rio de Janeiro e São Paulo, já começou a passar, com uma maior velocidade de vendas e de contratações de novos financiamentos. E aqui no Nordeste, chega com uma velocidade menor", diz Gama.

A expectativa do sindicato é de que no segundo semestre, o setor comece a dar sinais mais fortes de retomada.

Brasil

No País, os financiamentos para a compra e a construção de imóveis atingiram R$ 5,1 bilhões em janeiro no País, montante 32,2% maior do que no mesmo mês do ano passado. Os dados consideram apenas as linhas bancárias com recursos das cadernetas de poupança.

O volume de empréstimos também é o maior em quatro anos para o mês de janeiro, de acordo com pesquisa divulgada pela Abecip.

No acumulado de 12 meses, os financiamentos totalizaram R$ 58,6 bilhões, o que representa uma elevação de 33,6% em relação ao apurado no período precedente.

A pesquisa mostrou também que, em unidades, foram financiados 19,9 mil imóveis em janeiro, alta de 26% ante o mesmo mês do ano passado. No acumulado em 12 meses, foram financiados 232,5 mil imóveis, alta de 30,4% em relação aos 12 meses anteriores.

A Abecip projeta que os financiamentos com recursos originados nas cadernetas de poupança devem atingir R$ 69 bilhões em 2019, o que, se confirmado, representará uma alta de 20%.

A perspectiva de crescimento está relacionada à expectativa de aceleração do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), queda gradual do desemprego e melhora da renda da população, assim como a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em patamares historicamente baixos.

Ranking

A Caixa Econômica Federal foi a instituição financeira que liderou o volume de empréstimos para a compra e construção de moradias em janeiro deste ano, segundo os dados divulgados pela Abecip, com desembolsos que totalizaram R$ 1,265 bilhão.

Em seguida vieram Bradesco (R$ 1,219 bilhão), Itaú Unibanco (R$ 1,005 bilhão), Santander (R$ 958 milhões) e Banco do Brasil (R$ 372 milhões).

Financiamento imobiliário no Ceará mostra aumento dos recursos em janeiro, o que indica preferência dos bancos em clientes que não corram o risco de ficarem inadimplentes

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