Expansão de redes de farmácia valoriza imóveis em até 50% no CE

Disputa entre grandes varejistas movimenta mercado imobiliário no Estado. A depender da oferta de imóveis e das condições socioeconômicas da região, a valorização dos imóveis pode chegar a quase 50%

Escrito por Redação ,

Quando uma esquina tem o seu imóvel reformado em Fortaleza, as apostas que no local irá se erguer uma farmácia, hoje em dia, são altas, principalmente quando falamos do bairro Aldeota e de suas imediações. A chegada de uma nova marca à cidade em julho de 2017 deu novo ânimo e ritmo ao segmento, trazendo uma maior concentração de drogarias por metro quadrado, além de uma forma diferente de dispor suas estruturas externas, com recuos grandes para estacionamento próprio.

Nessa disputa mais acirrada por uma fatia de mercado, quem saiu ganhando foi o consumidor, por ter à sua disposição remédios e demais produtos com cada vez melhor custo-benefício. Fora isso, os bairros também lucram com a chegada de cada unidade erguida.

De acordo com o Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Ceará (Creci-CE), a abertura tanto de farmácias, como de escolas e supermercados traz um impacto duplamente positivo para a rotina dos moradores da região, porque eles não precisarão se distanciar para consumir esse tipo de produto ou serviço, bem como terão uma valorização do imóvel.

Segundo a diretora-secretária do Creci, Silvana Mourão, o aumento varia de acordo com a realidade de cada bairro. Alguns têm elevação entre 10% e 20%, outros ultrapassam 50%, como na Aldeota, em função da oferta baixa de imóveis e da condição sócio-econômica do local que permite a alta dos preços.Enquanto isso, outros não ultrapassam os 10%. A razão, conforme Silvana, é devido às localidades serem mais simples e não suportarem uma elevação maior de preços.

"Por mais que tenha uma valorização, a população econômica que ali reside não suporta o aumento. Cada bairro tem um estudo específico de valorização", explica.

Quem também saiu lucrando nesse aquecimento do setor farmacêutico foram os donos dos terrenos, essencialmente os de esquina. "Porque eles sabem que são redes sólidas, que têm suporte para pagar, então puxam o preço para cima e muito acima do que praticado no bairro", pontua a diretora do Creci.

De acordo com ela, porém, cada região tem a sua realidade, pois geralmente o aumento no preço dos aluguéis é de 30% a 40% ou até mesmo 50% dos valores praticados até então.

"As farmácias estão fazendo um negócio com o dono do imóvel, que constrói e aluga para elas. O contrato de aluguel é de dez a vinte anos e isso representa mais de 1%, às vezes, do valor do imóvel, que é um grande negócio. Isso, logicamente, fascina quem tem o imóvel, mas prejudica aquele construtor que queria o espaço para fazer o edifício. Logicamente, isso vai acontecer", acrescenta o corretor e ex-presidente do Creci, Armando Cavalcante.

Uma das táticas usadas também durante o contrato, conforme Armando, é a parceria do dono do imóvel e drogaria nos rendimentos futuros da loja. "Tem um mínimo pago de garantia que corresponda, por exemplo, a 50% do valor do imóvel, e os outros (valores) serão por meio do faturamento. Como se fossem sócios", completa.

Segundo ele, essa é uma tendência também já muito usada pelos supermercados menores na capital cearense. "A grande maioria (dos imóveis) hoje é alugada. Para o dono, é bom, porque representa mais de 1% do valor do imóvel, e para o comerciante também, porque não entrega todo o seu capital, o que empregaria na construção, usa na mercadoria. A lucratividade se torna maior", destaca.

Investimentos

De acordo com a Junta Comercial do Ceará (Jucec), há mais de 3,6 mil farmácias em atividade no Estado, considerando comércio varejista que vende produto farmacêutico sem e/ou com manipulação de fórmulas ou homeopáticos. Dessa leva, mais de 900 estão concentradas em Fortaleza.

Em geração de empregos, as de grande porte contratam entre 20 a 25 funcionários, enquanto as pequenas empregam até 10 pessoas por unidade. No caso das redes de farmácia maiores, para compensar um aluguel de, por exemplo, R$ 20 mil, somado aos gastos com construção, o faturamento almejado para o estabelecimento ser sustentável é de, no mínimo, de R$ 400 mil a R$ 500 mil mensais. Quando não chega a essa média ideal, muitas preferem até fechar e trocar de endereço.

São muitas as marcas registradas. No entanto, três nomes se destacam no mercado e nessa atual competição acirrada. Dentre elas, a cearense Pague Menos é a que tem maior presença, com 183 unidades em todo o Ceará, das quais 124 são na Capital. Em seguida, aparece a Extrafarma, com 93 lojas no Estado, das quais 69 em Fortaleza. Já a Drogasil, recém chegada à cidade, concentra suas forças apenas em Fortaleza, com 24 unidades abertas.

São números expressivos, mas em mutação a cada mês, com mais estabelecimentos previstos para abrir ao longo deste ano. A Drogasil, por exemplo, projeta inaugurar 240 unidades em todo o Brasil em 2019, incluindo o Ceará. Em cada nova loja erguida, a empresa investe aproximadamente R$ 2 milhões.

Até o momento, já foram investidos mais de R$ 40 milhões na abertura de farmácias da marca pelo Ceará. Em 2018, por exemplo, foram 14 novas e mais de 200 profissionais contratados. Para este ano, mais do que drogarias, o plano é apostar no Estado com a abertura de um centro de distribuição em Maracanaú. Com previsão de inauguração no segundo semestre, ele será o 11º Centro do grupo e atenderá as lojas do Ceará, Maranhão e Piauí.

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