Empresas buscam alternativas e auxílio do Estado para sobreviver

Com faturamento praticamente zerado, negócios não têm conseguido dar conta de folha de pagamento, aluguel, contratos e parcelamento de compras. Venda online e suspensão de contrato dos trabalhadores deve dar fôlego

Escrito por Redação , negocios@svm.com.br
Legenda: Decreto estadual proibiu a abertura de estabelecimentos desde o dia 20 de março
Foto: Foto: Kid Júnior

Os negócios do comércio e serviços cearenses já viviam no limite antes mesmo da crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus. Fechados desde a publicação do decreto do Governo estadual, há quase 20 dias, as empresas tentam alternativas para continuar funcionando e pedem socorro ao poder público.

O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL) do Ceará, Freitas Cordeiro, revelou que a instituição está preparando uma plataforma online de vendas, que ficará à disposição dos lojistas, principalmente aqueles que não têm condições de montar a própria plataforma.

A utilização poderá ser feita por associados e não associados a um "custo mínimo", segundo o presidente. "Assim, os lojistas preservam seus clientes, o que não aconteceria se ele anunciasse em outra plataforma. Como não temos fins lucrativos, conseguimos disponibilizar essa ferramenta a um preço diferenciado".

Cordeiro detalha que, ontem (8), foram realizados testes iniciais com comerciantes selecionados. "Estando tudo certo, amanhã (hoje, 9) estaremos divulgando para o máximo de lojistas possível. A plataforma é robusta e suporta um alto volume de vendas, garantindo a segurança das transações", aponta. "Estamos dando um remo para quem está no temporal", acrescenta.

As linhas de crédito com condições facilitadas para as empresas também estão sendo utilizadas como forma de investir e continuar trabalhando assim que possível. "Não estamos pedindo a abertura inconsequente das empresas. Eu sou contra, já basta as de serviços essenciais, que precisam continuar. Mas precisamos de um equilíbrio entre a saúde e a economia", reforça o presidente da FCDL.

Auxílio

Apesar de estar buscando alternativas para a sobrevivência dos negócios, Cordeiro frisa que as empresas precisam de ajuda do Governo. "Eu tenho usado a metáfora de um preso. O Estado recolhe o cidadão para cumprir pena, mas tem que garantir o mínimo de alimento. Nós necessitamos de um olhar diferenciado. O Estado precisa fazer um sacrifício. Ainda estão preocupados com equilíbrio fiscal. Nós estamos em guerra", enfatiza.

Segundo Freitas, as medidas anunciadas até o momento são paliativas, com vigência de apenas 90 dias. Ele acredita que, passado esse período, as empresas ainda não terão condições de pagar os tributos. "As empresas vão sair cambaleantes. Elas não terão capacidade contributiva".

Serviços

Em bares e restaurantes, a folha de pagamento é o que pesa mais entre as despesas. Para aliviar o aperto, empresários têm se valido da medida provisória que permite a suspensão dos contratos de trabalho por até 60 dias.

O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no Ceará, Rodolphe Trindade, revela que 90% das empresas do setor estão com faturamento zerado. "As empresas não têm caixa. Eu conheço empresário que não tem caixa nem para viver pessoalmente, imagina para repassar para o colaborador".

Ele pontua que, sem a obrigação de pagar o salário dos funcionários - conforme medida do Governo Federal que permitiu a suspensão do contrato ou redução da jornada -, os empresários terão oportunidade de organizar as contas para quando a atividade for retomada. "Ele pode escolher se deixa o quadro suspenso por um mês ou por 60 dias. Pode voltar com parte dos empregados primeiro e depois com o restante", detalha.

Trindade ainda aponta que o delivery, que seria a alternativa para os estabelecimentos continuarem funcionando, está caindo, uma vez que as pessoas estão com menos dinheiro à disposição. "Aos poucos, o delivery está ficando apenas nos lugares mais bacanas. Na periferia, o cidadão não vai gastar com sushi, pizza e hambúrguer enquanto não tem dinheiro para o arroz e feijão".

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