Em mesmo cargo, mulheres ganham em média 12,5% a menos no CE

Disparidade entre salários pagos a profissionais de gêneros distintos é calculada com base em dados do Caged 2018. Maior diferença é do cargo de médico cirurgião geral, que chega a 131,56%

Escrito por Redação ,
Legenda: A plataforma mostra ainda que, apenas em 90 profissões, as mulheres ganhavam mais que os homens, com destaque para as áreas de Saúde e de Educação

A igualdade entre homens e mulheres ainda não é respeitada em muitos aspectos no País. No âmbito salarial, inclusive, o Senado aprovou na semana passada projeto de lei que acrescenta à Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) uma multa às empresas que não pagarem salários iguais para homens e mulheres que desempenhem a mesma função e a mesma atividade. O texto segue para a Câmara dos Deputados. 

No Ceará, a disparidade média entre salários de homens e de mulheres nos mesmos cargos é de 12,5%, segundo levantamento realizado pela plataforma de inteligência Quero Bolsa a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de 2018, desenvolvido pelo Governo Federal. A pesquisa descartou cargos de gestão e de liderança nas empresas. 

É o segundo menor resultado entre os estados da região Nordeste, atrás apenas de Pernambuco (11,45%). Os estados com diferenças mais significativas foram o Maranhão, com 33,3% e a Bahia, com 29,37%. Considerando o recorte de todo o País, segundo o levantamento, a renda média dos trabalhadores com nível superior foi de R$ 3.756,84 para homens e R$ 2.592,65 para mulheres, uma vantagem de 44,9% para os profissionais do sexo masculino.

Profissões 

A plataforma mostra ainda que, apenas em 90 profissões, as mulheres ganhavam mais que os homens, com destaque para as áreas de Saúde e de Educação. No Ceará, a profissão com maior diferença salarial favorável aos homens foi a de médico cirurgião geral – enquanto os profissionais do sexo masculino recebem em média o salário de R$5.359, as mulheres na mesma função recebem R$2.314, uma diferença de 131,56%. 

“A complexidade da economia local e do volume das contratações influencia isso. Percebemos que alguns estados possuem culturas bastante machistas”, avalia Rui Gonçalves, gerente de relações institucionais da plataforma sobre a amostra dos dados na região do Nordeste. 

“É um problema sério no País inteiro. Aproveitamos essa ferramenta para fazer a comparação entre homens e mulheres e vimos que, de 600 cursos ofertados, em 357 deles os homens ganhavam mais que as mulheres em pelo menos 5% de diferença”, afirma o gerente do Quero Bolsa.

Nova visão 

Existem ainda obstáculos como o receio de contratar mulheres grávidas ou mães. Estas, na maioria dos casos, realizam jornada dupla no trabalho e em casa.

“O mundo corporativo pode ser muito cruel com a mulher. Se os empresários entendessem que o lucro é o meio e não o fim, o impacto positivo seria muito maior na produção. Você teria um quadro de funcionários mais satisfeitos”, avalia a empresária Marcela Fujiy. 

Apesar da resistência, elas mostram a coragem e lutam para serem incluídas em vagas que antes eram ocupadas exclusivamente por homens, como serviços pesados. É o que analisa Marta Campelo, diretora do Instituto Brasileiro de Finanças do Ceará (Ibef).

“Em empresas de porte menor, por exemplo, estão contratando mulheres para exercerem funções de serviços mais pesados. Então, mesmo nessas vagas que a qualificação é mais baixa, as mulheres estão conseguindo formalidade. E isso mostra que as empresas hoje não têm mais receio de contratar”. 

 

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados